A partir de hoje as equipas já podem anunciar os reforços para 2025, muitas vezes acordos que já estão assinados há algum tempo e que são segredos muito mal escondidos, vamos rever desde já o que é oficial.

A Jayco-AIUla não perdeu tempo a oficializar a contratação de Ben O’C0nnor, 4º no Tour em 2021 e 4º no Giro em 2024, e é um movimento de mercado que faz sentido. A formação australiana sempre mostrou intenções de contar com os melhores ciclistas desse país, já no ano passado tinha ido buscar Luke Plapp e continua essa aposta. Ben O’Connor deixa a Ag2r após 4 anos e apesar de ter obtido alguns dos melhores resultados na carreira na formação gaulesa sempre pareceu um bocadinho fora do seu habitat natural, nem que seja pela barreira linguística. A Decathlon-Ag2r pode agora apostar noutro tipo de corredores e tem Felix Gall para as provas por etapas, a Jayco ganha alguém que em forma é muito consistente e que nas provas de 1 semana com montanha é quase garantia de top 10. Não esperem é agora de repente um Ben O’Connor a lutar pelo pódio no Tour.



A INEOS Grenadiers continua o seu processo de enfraquecimento do plantel e continua a perder alguns dos seus maiores talentos, desta vez foi Jhonatan Narvaez que escolheu sair para a UAE Team Emirates. O equatoriano de 27 anos tem mostrado sinais de grande potencial em momentos específicos, tem uma enorme capacidade de explosão e dá a sensação que ainda não mostrou tudo o que tinha para dar nas clássicas do empedrado. Em certas provas já foi o único a conseguir seguir Mathieu van der Poel, foi ele que bateu Tadej Pogacar na abertura da Volta a Itália este ano e um alinhamento com Narvaez, Poliit, Bjerg, Wellens, António Morgado e Pogacar nas clássicas do empedrado já é bastante imponente.

Axel Zingle vai seguir os passos de Christophe Laporte em 2025, da Cofidis para a estrutura da Visma ficando a ideia que a formação gaulesa ainda não conseguiu retirar a melhor versão do corredor de 25 anos. É um ciclista um bocadinho mais talhado para as Ardenas e menos para o empedrado do que Laporte, com mais aceleração nas subidas, mas menos num sprint plano apesar de ter uma boa ponta final. Zingle tem tudo para ser uma das revelações de 2025 ao mais alto nível, na minha opinião, um pouco como foi Laporte quando se mudou para a estrutura neerlandesa. Vai ter menos pressão, novos métodos de treino e material, inserido numa estrutura altamente vencedora e profissional, é alguém a manter debaixo de olho.



Não sabemos se numa substituição directa, mas a Cofidis decidiu recrutar Dylan Teuns, ciclista que já ganhou etapas no Tour e que em 2022 triunfou na Fleche Wallonne, um puro especialista nas clássicas das Ardenas. Só que o tempo já não corre a favor do belga de 32 anos e estas 2 temporadas ao serviço da Israel-Premier tech foram manifestamente abaixo das expectativas, não obstante alguns bons resultados como o 8º posto no Tour des Flandres. Creio que a equipa que o perdeu não está propriamente preocupada, tem Neilands, Schultz, e principalmente Stephen Williams e o jovem Joseph Blackmore. Já a Cofidis está numa situação algo preocupante em termos de futuro. Teuns, Izagirre, Herrada e Coquard têm todos 32 anos ou mais, são os líderes da equipa e, tirando Coquard, nenhum deles mostra capacidade para somar pontos UCI de uma forma regular.

Para além de Zingle, a Cofidis também acabou de perder outro dos seus principais líderes, o francês Guillaume Martin. Depois de 5 anos na equipa de Cédric Vasseur, Martin vai procurar novos ares e dar um novo rumo à sua carreira. 2024 está longe de ser uma boa temporada, apenas alguns bons resultados em clássicas francesas e o verniz estalou depois do Tour, com o ciclista a dizer que conseguiria um melhor resultado mas a bicicleta era muito pesada. 2 top-10 no Tour, 1 top-10 na Vuelta onde também já venceu a classificação da montanha, Guillaume Martin mantém-se em França, agora na Groupama-FDJ. A equipa gaulesa não tem um bloco de montanha muito profundo e o facto de Lenny Martinez estar de saída obrigou Marc Madiot a ir ao mercado. David Gaudu e Guillaume Martin vão ser os líderes para as provas por etapas o que, para mim, é manifestamente pouco. No entanto, esta mudança de ares pode fazer bem a Martin, soltando-se para boas exibições. É muito regular, dará importantes pontos UCI apesar de pouco vencer.



By admin