Terminada a época desportiva, e depois de ter anunciado as muitas renovações de contrato no final da semana passada, a Movistar aproveitou os dias de ontem e hoje para revelar as suas primeiras caras novas para a temporada 2024. Neste momento, o plantel tem já 26 ciclistas confirmados.
A primeira contratação anunciada foi a do jovem Manlio Moro. Desconhecido para o mundo do ciclismo, o italiano de 21 anos chega da Zalf Euromobil Fior, uma das principais equipas de formação. assinando por 3 temporadas. Ainda de tenra idade, Moro tem-se destacado, principalmente, na pista, onde fez parte da equipa de perseguição coletiva que foi campeã da Europa e vice-campeã do Mundo este ano. No calendário amador italiano conquistou duas vitórias, destacando-se como um bom contra-relogista e finalizador em grupos restritos. A Movistar costuma apostar em ciclistas da pista por altura dos Jogos Olímpicos, relembrar que fez o mesmo com Albert Torres e Sebastian Mora em 2020 para Tóquio.
Em seguida, reforçando o seu bloco espanhol, foi anunciado Carlos Canal. Também jovem, com 22 anos, o galego correu na Euskatel-Euskadi nas últimas duas temporadas, depois de outras duas temporadas na Burgos-BH. Já com duas Vueltas completas no currículo, Canal é um ciclista bastante completo, passando bem a média montanha, explosivo e com uma boa ponta final. A temporada que agora termina foi o seu ano de afirmação somando dez top-10, incluindo 4 no recente Tour of Langkawi e 2 no Challenge de Mallroca. 11º nos Mundiais sub-23, esta é uma contratação óbvia por parte da Movistar, garantindo uma das promessas do ciclismo espanhol que mais evoluiu esta época.
Continuando pelo mercado espanhol, Pelayo Sanchez provém da Burgos-BH. Uma das revelações da temporada e da última Volta a Espanha, o jovem de 23 anos assina por dois anos. Tal como Canal, 2023 foi o ano em que Sanchez despertou mais atenções. Trepador bastante competente e com uma razoável ponta final, começou o ano a ser 2º no Trofeo Andratx, antes de ser 5º no Tour du Doubs e vencer uma etapa na Vuelta Asturias. Em Maio, veio a Portugal para ser 3º no GP Beiras e Serra da Estrela, finalizando todas as etapas no top-10, e, a partir daqui, focou-se na Vuelta. Na “sua” Grande Volta esteve em 3 fugas, sempre muito combativo e conseguindo ser 3º e 6º. Com muito para evoluir, Sanchez pode-se tornar um corredor importante na Movistar, não só por ser espanhol mas também devido à qualidade que apresentou ao longo destas épocas no escalão ProTeam.
O dia de hoje iniciou-se com mais um espanhol, Javier Romo, proveniente da Astana. Com raízes no triatlo, Romo apenas se focou no ciclismo em 2020 quando foi campeão espanhol sub-23. As boas exibições valeram uma estadia de 3 anos na Astana onde apareceu a espaços. 5º na Settimana Coppi e Bartali 2021 e 7º na Vuelta a Burgos 2023 são os seus melhores resultados. Com 24 anos, ainda tem margem de evolução e a correr numa ambiente mais familiar poderá dar-se melhor. Será, essencialmente, um gregário de apoio na montanha para os líderes, podendo vir a ter algumas oportunidades nas provas do circuito europeu.
Os comandados de Eusebio Unzué deixaram os reforços mais conhecidos para o fim. A Movistar espera que Davide Formolo consiga continuar o seu final de ano, com triunfos na Coppa Agostoni e na Veneto Classic, onde aliou a sua capacidade física à superioridade evidenciada pela UAE Team Emirates. “Formolino” conta com passagens pela estrutura da EF (2014-2017), Bora-Hansgrohe (2018-2019) e UAE Team Emirates (2020-2023), sai 1 ano mais cedo do que o previsto da equipa que este ano conquistou o UCI World Ranking. Aos 30 anos fará, potencialmente, um dos últimos grandes contratos na carreira, e olhando ao plantel da Movistar é claramente um ciclista que vai ter muita liberdade e por causa disso tem tudo para melhorar os resultados individuais, lembrando que muitas vezes trabalhou para outros na UAE Team Emirates. Enric Mas não dá para tudo, Ivan Sosa é muito inconsistente, Einer Rubio mostra limitações nas chegadas mais explosivas, portanto creio que terá um estatuto semelhante ao de Ruben Guerreiro. Pode fazer as Ardenas e depois optar entre um possível top 10 numa Grande Volta ou vitórias em etapa.
Por fim, Remi Cavagna deixa a Quick-Step após 7 temporadas de muito sucesso, onde somou 13 triunfos. O irreverente francês até teve uma época bastante boa, ganhou 2 etapas na Settimana Coppi e Bartali, 1 etapa e a geral da Volta a Eslováquia, foi campeão nacional de contra-relógio e 4º na Brabantse Pilj, das melhores da carreira. Resolveu o seu futuro cedo no mercado, não tinha tempo a perder aos 28 anos e perante uma situação delicada na Quick-Step optou pela Movistar, uma equipa onde continua a ter liberdade para atacar as etapas. Cavagna foi um pouco prejudicado pela falta de especialização, sempre teve um motor enorme, sempre foi um bom especialista de contra-relógio, mas nunca se dedicou totalmente a esta vertente, continuará a ser um perigo iminente em escapadas, não lhe podem dar 100 metros.