A crise francesa nas clássicas do empedrado é evidente. Há praticamente 20 anos que os gauleses não têm um grande especialista a discutir de forma consistente o Tour des Flandres e o Paris-Roubaix. Ainda se falou em Alexis Gougeard e no próprio Arnaud Demare, mas nenhum deles tem demonstrado capacidade para se imiscuir entre os melhores neste tipo de provas.
Aliás, os franceses não vencem em casa, no Paris-Roubaix desde 1997. E hoje vamos precisar falar desse triunfo que ocorreu há 23 anos, precisamente no dia 13 de Abril de 1997. Desde aí apenas por 1 vez a bandeira da França esteve sequer no pódio desta competição, por intermédio do surpreendente Sebastian Turgot, em 2012.
Nos anos 90 os franceses estavam habituados a discutir o Paris-Roubaix, Marc Madiot tinha ganho em 1991 e Gilbert Duclos-Lassalle bisou, em 1992 e 1993. Até a temporada de 1997 foi profícua e Frederic Guesdon nem sequer chegou ao Paris-Roubaix como um dos favoritos até porque Frederic Moncassin tinha feito 2º no Tour des Flandres e Philippe Gaumont tinha ganho a Gent-Wevelgem.
O grande favorito, no entanto, era Johan Museeuw, com o apoio de uma forte Mapei, era o detentor do título e campeão do Mundo de estrada. Só que os grandes campeões também têm muito azar, e Museeuw certamente foi à bruxa depois deste dia. Ao todo sofreu 5, sim 5, furos, 1 deles numa altura decisiva, quando seguia com Frederic Moncassin e Andrei Tchmil na frente.
Moncassin e Tchmil saíram do último sector de empedrado na frente, mas foram apanhados por um grupo de 6 unidades, onde vinha Frederic Guesdon, um reforço da nova Francaise des Jeux. A Lotto-Mobistar tinha a superioridade numérica e não foi capaz de aproveitar, não houve estrada para tal e faltou comunicação entre Andrei Tchmil, Jo Planckaert e Marc Wauters.
Quem acabou a festejar no velódromo de Roubaix, no meio de tanto azar e incerteza, foi o jovem de 25 anos Frederic Guesdon, que poucos davam como favorito, mas que 1 ano antes tinha feito 14º na sua estreia. Guesdon superou Planckaert e Museeuw para gáudio do seu director-desportivo Marc Madiot, vencedor da prova 6 anos antes. Foi também um Paris-Roubaix com imensos ciclistas no mesmo minuto do vencedor, um total de 27 corredores.