À partida do Paris-Roubaix em 2007 havia um claro favorito: Tom Boonen. Esse estatuto foi conseguido graças ao seu historial na prova e aos resultados nas provas de preparação: vitória na E3 Harelbeke e Dwars door Vlaanderen, pódio na Milano-SanRemo e na Omloop. O seu grande rival na teoria era Fabian Cancellara, e havia alguns nomes a correr por fora como Juan Antonio Flecha ou Alessandro Ballan.




O grande problema para Boonen é que a Quick-Step não parecia ter armas suficientes para controlar a corrida para ele, enquanto Cancellara não estava na melhor forma, o que permitiu à CSC, com uma formação coesa, abordar a corrida de maneira diferente. Por isso mesmo, a após uns quilómetros iniciais de loucos, saiu um grupo de 30 elementos com 3 ciclistas da CSC: Stuart O’Grady, Matti Breschel e Luke Roberts. A T-Mobile também tinha 3 elementos, enquanto a Lampre de Ballan e a Quick-Step de Boonen apenas 1.

Na Floresta de Arenberg tudo mudou, Grabsch seguia sozinho na frente, enquanto Boonen partiu por completo o pelotão, que era de 25 unidades. Stuart O’Grady tinha sido absorvido após 1 furo, mas guardou energia e viria a fazer o seu ataque a cerca de 35 kms da meta, quando respondeu a Steffen Wesemann, deixando Boonen e companhia para trás.

Este duo apanhou o que restava da fuga e a 23 kms do final O’Grady deixou Wesemann para trás de vez, seguindo sozinho até Roubaix. O australiano conservou quase sempre uma vantagem superior a 30 segundos sobre a perseguição composta por Wesemann, Boonen, Flecha, Petito e Leukemans. Boonen ainda tentou fazer a ponte para a frente, mas estava sozinho e era tarde demais.




O campeão belga quase que foi a tempo de discutir o pódio, foi o triunfo estava entregue a Stuart O’Grady, que assim se tornou no primeiro australiano a ganhar o Paris-Roubaix. Juan Antonio Flecha antecipou o sprint e aguentou diante de Steffen Wesemann e Bjorn Leukemans. A CSC impressionou ao colocar 4 ciclistas entre o top 20, Boonen foi 6º e Cancellara apenas 19º numa edição especialmente quente do “Inferno do Norte”.

Stuart O’Grady venceu a prova com 34 anos, numa época em que brilhou como nunca nas clássicas da Primavera, foi 5º na Omloop e na Milano-SanRemo, 3º na Dwars door Vlaandderen, 9º na E3 Harelbeke e 10º no Tour des Flandres. Era um dos nomes a ter em conta, mas não propriamente um dos favoritos visto que em participações anteriores nunca tinha sido melhor que 18º. Mais um ciclista que passou de sprinter a lançador/especialista em clássicas para terminar a carreira como gregário, foi sempre muito consistente ao longo das quase 20 épocas como profissional.

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