O Giro 2010 foi … diferente do habitual. A Liquigas, com Basso e Nibali (na altura muito jovem, mas já tinha sido 6º no Tour em 2009) partia como a grande favorita e começou a dominar a competição no contrarelógio colectivo. No entanto, a 7ª etapa, com muita chuva e lama no meio do “sterrato” virou a corrida, com a queda colectiva dos homens vestidos de verde.
Foram chegando imensas fugas e à 11ª etapa aconteceu o impensável. Escapou-se um grupo de 40 unidades que chegou com mais de 12 minutos sobre o pelotão. Nesse grupo destacavam-se Richie Porte, que assumia a liderança, David Arroyo, Robert Kiserlovski, da Liquigas, Xavier Tondo e Carlos Sastre. A montanha só voltaria ao 14º dia, mas Arroyo aguentou-se e saiu com 6:50 sobre Nibali.
O Monte Zoncolan viria a ser decisivo na recuperação, a Liquigas jogou tudo o que tinha e Ivan Basso fez uma exibição irrepreensível. Ainda assim era Arroyo que liderava com 2:35 sobre Porte e 3:33 para Basso. À entrada para a 19ª etapa, absolutamente decisiva, a formação italiana tinha de arriscar.
Tudo aconteceu no Mortirolo, ainda bem longe do final. O ritmo da Liquigas fez David Arroyo ficar para trás, com a ajuda de Rigoberto Uran. A concorrência foi ficando para trás, primeiro Sastre, depois Vinokourov e por fim Cadel Evans e a partir daí Ivan Basso, Vincenzo Nibali e Michele Scarponi entenderam-se na perfeição, até porque Scarponi não era propriamente um perigo para Basso na geral.
Arroyo conseguiu apanhar Evans, Sastre, Vinokourov e Gadret na descida, a diferença nem era muito grande, mas cresceu substancialmente nos 5 quilómetros finais, passando de 2 minutos para 3:05. Graças a isso Ivan Basso tirou mesmo a camisola rosa a David Arroyo. Quanto à etapa, e com outro foco, foi Michele Scarponi o mais forte no sprint em Aprica, permitindo-o também subir imenso na geral.
No último dia com alguma montanha o espanhol defendeu-se ainda melhor, o que lhe deu margem suficiente para aguentar um incrível 2º lugar final no contra-relógio de Verona. Michele Scarponi acabaria por perder o pódio por apenas 13 segundos face a Vincenzo Nibali, de forma inglória. Um final perfeito para a Liquigas, mas desengane-se quem olhe apenas para o resultado e pense que foi um Giro fácil de conquistar.