2010 estava a ser um ano marcado por um só homem no que diz respeito às clássicas. De forma dominante, Fabian Cancellara vinha de ganhar E3 Harelbeke e o Tour de Flandres, este pela primeira vez na carreira, derrotando com uma classe tremenda Tom Boonen. A motivação do suíço era máxima para conseguir a tão desejada dobradinha Flandres-Roubaix, algo que já não era atingido desde 2005, na altura pelo seu grande rival.
Tudo estava preparado para mais uma edição do “Inferno do Norte”! Conseguiria Tom Boonen salvar a sua primavera ou iria Fabian Cancellara entrar para a história? O início foi bastante lento, tendo a corrida animado na Floresta de Arenberg com os dois grandes nomes das clássicas a liderarem o pelotão neste difícil setor. A corrida manteve-se pouco animada até a fuga ser apanhada a 68 quilómetros da chegada.
Depois de várias tentativas falhadas de ataque, Tom Boonen estava na parte de trás do pelotão, reduzido a 30 elementos. Vendo que o campeão belga estava mal posicionado, Fabian Cancellara surpreendeu tudo e todos e lançava-se ao ataque em Mons-en-Pévèle, passando, rapidamente, por Leif Hoste, Bjorn Leukemans e Sebastian Hinault que tinham atacado pouco antes.
Tom Boonen viu-se obrigado a perseguir mas era impossível apanhar o campeão suíço que começou a ganhar segundos atrás de segundos, que chegaram a minutos num instante pois quando faltavam 16 quilómetros e o corredor da Saxo Bank entrava no Carrefour de l’Arbre, a diferença era já de 3 minutos. Foi neste setor que Thor Hushovd e Juan Antonio Flecha deixaram os seus rivais, pedalando para os restantes lugares do pódio.
Nada nem ninguém impediu Fabian Cancellara de uma vitória épica, fazendo 50 quilómetros em solitário, sendo que pelo meio estavam nada mais, nada menos que 11 setores de empedrado! A 2 minutos, Hushovd batia Flecha na luta pelo 2º lugar, sendo que a 3:14 chegaram Roger Hammond e Tom Boonen.
Esta foi a primeira Primavera de sonho de Fabian Cancellara. Quatro anos depois, o suíço voltava a triunfar em Roubaix, naquele que era o 2º e três triunfos neste Monumento e pela primeira vez fazia a dobradinha Flandres-Roubaix. Até ao final da temporada, Spartacus ainda iria vencer por duas vezes no Tour e sagrar-se, pela quarta vez campeão do Mundo de contra-relógio.