O Giro 2012 parecia à partida uma corrida muito aberta e assim o foi. Na lista de participantes não havia muitos vencedores de Grandes Voltas (Basso e Cunego apenas) e parecia uma grande oportunidade para Joaquim Rodriguez agarrar o que lhe faltava na carreira. A primeira metade da prova não fez grandes diferenças, a Garmin ganhou o contra-relógio colectivo e Ryder Hesjedal andou alguns dias de rosa, antes de Joaquin Rodriguez saltar para a liderança ao 10º dia.
Só na 14ª etapa houve mais diferenças, com Ryder Hesjedal a passar de novo para o 1º lugar, sendo que Joaquin Rodriguez saltou de novo para a liderança na 15ª jornada, com 30 segundos sobre Hesjedal e 1:22 para Ivan Basso. Em Cortina D’Ampezzo nada mudou e partia-se para as 2 últimas etapas de montanha com tudo por decidir e 14 ciclistas ainda a menos de 5 minutos da liderança.
Quando se pensava que Hesjedal quebraria aconteceu precisamente o contrário. Em Alpe di Pampeago ganhou Roman Kreuziger, com Hesjedal a ganhar 13 segundos na estrada a “Purito”. O espanhol ficou com 17 segundos de margem na geral, mas ainda faltava um contra-relógio, onde o canadiano seria mais forte. Com a luta pelo pódio ao rubro o espectáculo na 20ª etapa, com final no Passo dello Stelvio, era garantido. Pelo meio ainda havia o Mortirolo, imagine-se.
E que hino ao ciclismo foi! Parecia que nada se ia passar no Mortirolo, até Joaquin Rodriguez mexer na corrida. Foi aí que o grupo reduziu substancialmente em número e os líderes ficaram quase sozinhos. Foi no último quilómetro do Mortirolo que Thomas de Gendt (na altura em 8º na geral) se mexeu. Fez a ponte para Matteo Carrara, colega seu que integrou a fuga e depois teve a companhia de Damiano Cunego e Mikel Nieve, aliados no ataque ao pódio.
Entretanto quando acabou a descida não havia ninguém propriamente para trabalhar no grupo dos favoritos e a diferença cresceu para 4 minutos. Finalmente a Garmin conseguiu 2 ciclistas para trabalhar e a vantagem estabilizou, mas insatisfeito com o ritmo Thomas de Gendt arrancou a 18 kms da meta, levando Nieve consigo. Cunego ainda conseguiu fazer a ponte, só que a 12 kms do final lá foi de Gendt sozinho a caminho de uma vitória incrível.
Já ninguém viu o belga até à meta, terminando com quase 1 minuto sobre Cunego, quase 3 minutos sobre Nieve e 3:22 para Joaquin Rodriguez, o melhor dos favoritos. Ryder Hesjedal cedeu 14 segundos para o espanhol, mas minimizou as perdas o suficiente para ainda vencer o Giro no último dia. Depois desta fantástica vitória em solitário Thomas de Gendt subiu a 4º na geral, garantindo o pódio em Milão com um excelente contra-relógio, ultrapassando Michele Scarponi.