Bahrain-Victorious e Israel-Premier Tech foram ontem protagonistas de uma das transferências mais inusitadas que já vimos no ciclismo internacional e tudo por causa da luta pela manutenção no WT. Neste momento Lotto-Soudal e Israel-Premier Tech estão a aproximadamente 1000 pontos UCI da manutenção no World Tour, estando embrenhadas nessa luta com a Movistar, BikeExchange, Cofidis e EF Education-Easy Post. No final de contas poderá descer apenas 1 delas, dependendo da decisão da Alpecin-Deceuninck, ainda assim, estes últimos meses da temporada serão certamente marcados por esta batalha na estrada.

Ontem à tarde a Bahrain-Victorious anunciava, nas redes sociais, a partida de Dylan Teuns, que esteve 4 anos na equipa. A partida era com efeito imediato, dizendo a equipa que Teuns não tinha grandes objectivos programados após o Tour e que assim facilitava a transição do belga para a nova formação. Horas mais tarde viria a saber-se que o belga de 30 anos, vencedor da Fleche Wallonne e de uma etapa no Tour de Romandie este ano assinava com efeito imediato com a Israel-Premier Tech, uma última medida para esta equipa tentar a manutenção.




Este movimento de mercado tem várias implicações secundárias, do lado da Bahrain-Victorious certamente implicou uma compensação financeira significativa até porque Teuns era um activo importante, do lado da Israel-Premier Tech fez com que Guy Sagiv não corresse mais pela formação com fortes raízes israelitas, isto porque precisam de arranjar vaga para inscrever Teuns, já tinham atingido o limite máximo de ciclistas. De algumas análises que fizemos da Israel-Premier Tech já batemos nesta tecla, uma formação do World Tour pode ter espaço para ciclistas como Guy Sagiv, Omer Goldstein ou Guy Niv, que não oferecem grande coisa em termos de resultados tirando os Nacionais. Até porque já existe a Israel Cycling Academy, que pode servir perfeitamente para este efeito e desta forma podem correr pela equipa World Tour quando necessário.

Desengane-se quem ache que Teuns vai levar as centenas de pontos que já acumulou em 2022 com ele. Na prática o belga começa novamente a época com 0 pontos, para entrar no top 10 da Israel-Premier Tech, elementos que contam para o ranking, precisa de somar mais de 100 pontos, algo que se consegue com relativa facilidade nas clássicas de final de ano. Teuns irá fazer a Vuelta e depois as clássicas outonais, uma opção estratégica questionável pois realisticamente há mais potencial de pontos a fazer somente as clássicas. No entanto, é verdade que a Vuelta tem vários finais que até se adaptam a Teuns, não se admirem de ver a formação israelita a perseguir em dias de média montanha que acabem em rampas empinaas.

O belga de 30 anos assinou contrato para o resto de 2022, e as épocas de 2023 e 2024, sendo muito pouco provável que exista uma clausula que permita a sua saída caso a equipa não consiga a manutenção, até porque com tantos nomes sonantes os convites para as corridas World Tour são praticamente uma certeza.

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