Ao longo das últimas temporadas temos assistido a um rejuvenescimento do plantel da Ineos-Grenadiers, um virar de página que tem feito com que uma equipa que habitualmente levava às Grandes Voltas um bloco fortíssimo em redor de um líder, venha agora com várias opções para as corridas de 3 semanas, com a estrada a decidir qual o ciclista mais protegido. Esta revolução no plantel britânico começou no ano passado e tem aquele que talvez seja o capítulo final esta época, com as saídas de Richie Porte, Andrey Amador, Richard Carapaz e Dylan van Baarle.



Mesmo tendo várias opções para as Grandes Voltas, neste momento a Ineos-Grenadiers não tem um líder incontestado para essas corridas, como nos tempos aureos de Chris Froome, ainda que Geraint Thomas tenha feito esse papel no Tour este ano e foi aquele que mais se aproximou dos “aliens” Vingegaard e Pogacar. Yates é consistente ao mais alto nível, mas não o vemos a ganhar, Sivakov tarda em afirmar-se, Hart tarda em confirmar-se, Martinez desiludiu, Bernal ainda está a recuperar e Carlos Rodriguez pode ser esse nome no futuro e ainda tem de evoluir, sendo que Pidcock ainda é uma grande incógnita a este nível.

Por isso mesmo a formação britânica garantiu a contratação de Thymen Arensman, jovem holandês de 22 anos (vai fazer 23 ainda este ano) que nesta época deu o salto para a ribalta. Arensman tem um percurso muito curioso e desde logo uma fisionomia interessante, do alto do seu 1,92m. Após uma excelente temporada como júnior em 2017 entrou na SEG Racing e em 2018 foi 2º na Volta a França do Futuro (apenas atrás de Pogacar, numa edição em que Vlasov foi 4º e João Almeida foi 7º) e…3º na Paris-Roubaix (diante de Jasper Philipsen). Curiosamente 2019 foi uma época para esquecer e entrou como estagiário na DSM em 2020 para…fazer a Vuelta. Foi 3º numa etapa e 6º noutra (em ambos os dias Tim Wellens ganhou) e acabou em 41º na sua estreia.

No ano passado foi 11º no Tour de Romandie e terminou a Vuelta com um 3º posto no contra-relógio final, só que certamente poucos esperavam o salto que Arensman deu em 2022. Começou por fazer 6º na Tirreno-Adriatico e 3º no Tour of the Alps, foi ao Giro caçar etapas e foi 18º na geral e fez por 2 vezes 2º em jornadas parciais. Fez 2º na Volta a Polónia graças a uma incrível cronoescalada e atacou a Vuelta a pensar na geral. Quando todos pensavam que ia ganhar tempo aos rivais no contra-relógio teve um dia mau e surpreendeu ao vencer a etapa rainha, com chegada à Sierra Nevada, provando que consegue lidar com a alta montanha e a altitude, factos que certamente atraíram a atenção da Ineos-Grenadiers. Se não fosse o dia mau poderia ter terminado a Vuelta a ameaçar o pódio, conclui-a na 6ª posição.



Para além de Thymen Arensman, nos últimos dias a Ineos-Grenadiers garantiu também a contratação de Connor Swift, britânico de 26 anos que nas últimas épocas representou a Arkea-Samsic. Swift caracteriza-se por conseguir fazer um pouco de tudo, foi o maior escudeiro de Nairo Quintana durante o Tour, até no início das montanhas, consegue fazer bons resultados em clássicas como a Tro Bro Leon, não tem um mau sprint e tem um contra-relógio bastante decente, podendo ser útil nos contra-relógios colectivos. É a transferência de sonho para Swift e uma contratação inteligente por parte da Ineos, alguém que serve o propósito em muitos terrenos e que vai dar o corpo ao manifesto pelos colegas.

Na ressaca de um ano incrível, a Intermarche-Wanty-Gobert não descansa e tem apresentado reforços este mês, essencialmente para aumentar a profundidade do plantel. Há alguns dias foi Lilian Calmejane, francês de 29 anos que entre 2016 e 2020 esteve na Direct Energie e nos últimos 2 anos integrou a Ag2r Citroen. O gaulês fez 4 excelentes épocas (entre 2016 e 2019), chegou a ganhar etapas na Vuelta e no Tour e nunca mais conseguiu voltar a esse nível, nem mesmo mudando de estrutura. Bem tem tentado entrar em fugas, mas nunca foi perigoso, nem esteve perto de triunfos, como se viu no Giro este ano. Uma coisa é certa, se há equipa pode conseguir retirar o melhor de Calmejane é a Wanty, estrutura que tem conseguido extrair resultados quando poucos esperavam e que tem por hábito entrar em muitas fugas, como é a imagem de Calmejane.



Uma contratação bem interessante é a de Dion Smith, ciclista neozelandês proveniente da BikeExchange, onde esteve entre 2019 e 2022. É um regresso, visto que Smith esteve na Wanty em 2017 e 2018, quando esta estrutura ainda não era World Tour. É daqueles ciclistas consistentes que passa bem a média montanha e que tem uma boa ponta final, prova disso são os 3 pódios conquistados esta época e o 6º posto conquistado na Milano-SanRemo em 2020. Pode funcionar como opção caso um sprinter como Gerben Thijssen não passe as subidas e pode também ser um bom lançador para tanto Thijssen como Girmay, para além disso deve fazer parte da equipa de clássicas.

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