É com muita pena que vemos Tom Dumoulin a deixar de vez o ciclismo profissional. Tínhamos um carinho especial pelo holandês, por tudo o que conquistou e pela pessoa que era, sem pudor em mostrar as suas debilidades ao público. Apesar de ter um currículo invejável não teve qualquer problema em trabalhar para líderes mais capazes nos últimos anos da carreira. Já foi há alguns anos, mas ficam na retina vários momentos, a Vuelta que perdeu nas últimas etapas de montanha, o Giro que ele conquistou e que ficou marcado pela épica paragem para necessidades fisiológicas quando seguia de rosa, o Giro que Dumoulin perde para Froome naquela arrancada épica do britânico e nesse mesmo ano marcou ver Dumoulin quase sozinho a lutar contra o comboio da Sky no Tour. Foi dos melhores ciclistas do Mundo entre 2014 e 2018, optou por se afastar um pouco, regressou na Jumbo-Visma, pensou-se que o 2º lugar nos Jogos Olímpicos de Tóquio fizesse milagres à sua motivação, mas Dumoulin optou por terminar a carreira aos 32 anos.

  • Anos como profissional – 12 épocas, divididas entre Rabobank Continental (2011), Giant-Alpecin (2012-2019) e Jumbo-Visma (2020-2022)
  • Nº de vitórias – 22 triunfos, a larga maioria no World Tour e também consta do palmarés um campeonato Mundial, vários nacionais e 9 etapas em Grandes Voltas
  • Nº de Grandes Voltas – 14 presenças, tendo feito 2 Grandes Voltas num ano algumas vezes. Ganhou o Giro em 2017, fez 2º no Tour e no Giro em 2018
  • Melhor temporada – É uma escolha complicada entre 2017 e 2018, a dificuldade de fazer 2º no Giro e depois 2º no Tour contra a armada da Sky é mais elevada, sendo que nesse ano ainda foi vice-campeão mundial de contra-relógio e 4º na prova de estrada.
  • Total de kms em corrida – 107 351 kms, um número relativamente reduzido para a carreira que fez.
  • Corrida em que mais vezes participou – Curiosamente fez a Liege-Bastogne-Liege por 8 ocasiões, uma corrida que nunca foi muito o seu estilo.





Niki Terpstra foi um dos grandes puros especialistas em clássicas do seu tempo, de certo modo marcou uma era entre 2014 e 2018. Nesse período, integrado numa estrutura fortíssima como a Quick-Step de Patrick Lefevere, era sempre considerado como um dos maiores candidatos às grandes clássicas como o Paris-Roubaix e o Tour des Flandres, 2 corridas icónicas que acabaria por conquistar. Esse poderio colectivo ajudou um ciclista possante e pouco explosivo como Terpstra a ganhar grandes corridas porque ao sprint era raríssimo superar os seus rivais, que na altura era também Sagan e Kristoff. Pena que tenha sido um pouco esquecido nesta fase final da carreira, porque saiu para a TotalEnergies como grande aposta e o rendimento esteve bem longe do esperado para as expectativas que se tinha, mais um caso de um corredor que perdeu muito rendimento quando saiu da Quick-Step.

  • Anos como profissional – Um total de 20 épocas, depois de passagens por equipas Continentais holandeses entrou na Milram (2007-2010), saiu para a Quick-Step (2011-2018) e terminou a carreira na TotalEnergies (2019-2022).
  • Nº de vitórias – 22 ao todo, um número quase inacreditável tendo em conta que Terpstra precisava de chegar quase sempre sozinho porque não tinha grande ponta final. A última vitória foi em 2018, precisamente o Tour des Flandres, despediu-se dos triunfos em beleza.
  • Nº de Grandes Voltas – Ajudou a equipa por 15 vezes em Grandes Voltas, 8 vezes no Tour e 7 vezes na Vuelta. Esteve por diversas ocasiões muito próximo da vitória em etapa em fugas, no entanto fica como uma pequena mancha no currículo do holandês.
  • Melhor temporada – 2014 e 2015 também foram muito bons, mas elegemos 2018, onde ganhou a Le Samyn, a E3 Harelbeke e o Tour des Flandres, sendo ainda 3º no Paris-Roubaix, ainda foi 9º no BinckBank Tour, 2º no Paris-Tours e ajudou a Quick-Step no Mundial por equipas.
  • Total de kms em corrida – 212 411 kms cumpridos em competição, não muitos ciclistas podem dizer que superaram os 200 000 kms.
  • Corrida em que mais vezes participou – Alinhou na Dwars door Vlaanderen, no Tour des Flandres, na E3 Harelbeke e na Omloop het Nieuwsblad por 14 vezes.

 

Sebastian Langeveld era um dos grandes veteranos do pelotão internacional, um puro especialista em clássicas que teve quase 20 anos como profissional e que conhecia o Paris-Roubaix e o Tour des Flandres como a palma da mão. Foi um ciclista que aparecia nos grandes momentos mesmo quando estava a fazer temporadas discretos, como era um motor a gasóleo e não tinha uma boa ponta final muitas vezes não obtinha resultados vistosos até aos grandes objectivos. Desde 2019 que não era visto como uma ameaça nem nas clássicas nem nos contra-relógios.

  • Anos como profissional – 19 temporadas, das quais 16 ao mais alto nível, com passagens pela Van Vliet (2004-2005), Skil-Shimano (2006), Rabobank (2007-2011), Orica (2012-2013) e EF Education First (2014-2022)
  • Nº de vitórias – 7 triunfos no total, nenhum depois de 2014. O mais vistoso na Omloop em 2011, o mais saboroso nos Nacionais de estrada em 2014.
  • Nº de Grandes Voltas – 9 provas de 3 semanas, participou no Tour por 6 vezes e na Vuelta por 3 ocasiões. É um número reduzido, nunca foi corredor de 3 semanas porque não conseguia ajudar muito na montanha, nunca fez um top 5 numa etapa.
  • Melhor temporada – Foi 3º no Paris-Roubaix em 2017, ganhou a Omloop em 2011, mas o seu ano mais completo foi em 2009, foi 3º no Eneco Tour, 2º na Volta a Alemanha, 9º na E3 e ganhou a Grote Prijs Jef Scherens.
  • Total de kms em corrida – Não competiu muito nos últimos 3 anos, mas totalizou 175 755 kms de competição, um dos números mais altos do pelotão internacional à data.
  • Corrida em que mais vezes participou – Ciclista dos grandes momentos, fez o Tour des Flandres por 15 vezes e o Paris-Roubaix em 14 ocasiões.





Richie Porte tem um percurso muito interessante e acabou com um currículo invejável, um dos melhores de sempre no que toca às corridas de 1 semana, a sua verdadeira especialidade apesar de muitos pensarem que também seria um bom líder para 3 semanas. O facto é que a primeira vez que Porte apareceu foi numa Giro a representar a Saxo Bank, ganhou imenso tempo numa fuga e depois aguentou para acabar em 7º da geral e com a camisola da juventude. Na estrutura da Sky foi absolutamente crucial para algumas grandes conquistas como gregário de luxo e posteriormente passou para a BMC e para a Trek-Segafredo sempre como líder das respectivas equipas. Foi em 2020, quando já poucos esperavam que conquistou finalmente um pódio na Volta a França e terminou a carreira na Ineos-Grenadiers, voltando a fazer um papel importante no apoio aos líderes e a ser uma alternativa credível para muitas provas.

  • Anos como profissional – Um total de 15 épocas, primeiro na Praties (2008-2009), depois na Saxo-Bank (2010-2011), passou pela Ineos-Grenadiers/Sky (2012-2015 e 2021-2022) e pelo meio esteve na BMC (2016-2018) e na Trek-Segafredo (2019-2020)
  • Nº de vitórias – 33 ao todo, um total incrível, era dos ciclistas profissionais em actividade com mais triunfos e principalmente mais provas por etapas. Conseguiu juntar Volta ao Algarve, Paris-Nice, Tour Down Under, Volta a Catalunha, Tour de Romandie, Volta a Suíça e Criterium du Dauphine.
  • Nº de Grandes Voltas – Fez 17 Grandes Voltas em 13 temporadas que esteve no World Tour, dá uma média superior a 1 por ano. Só finalizou no top 10 por 3 vezes, sendo afectado pelos azares muitas vezes, foi 7º no Giro 2010, 5º no Tour 2016 e 3º no Tour 2020, claramente não era ciclista para a consistência nas 3 semanas.
  • Melhor temporada – Algo entre 2020, onde fez 3º no Tour e ganhou o Tour Down Under num ano afectado pelo COVID e 2013, onde foi 2º no Dauphine e no País Basco e ainda ganhou o Paris-Nice.
  • Total de kms em corrida – 135 477 kms, superou por 6 vezes a marca dos 10 000 kms de competição num ano.
  • Corrida em que mais vezes participou – Era um ciclista dos grandes momentos, participou no Tour por 11 vezes, entre 2011 e 2021 de forma consecutiva.

 

Cameron Meyer sempre foi um ciclista extremamente eficaz em tudo a que se comprometia. Durante toda a carreira conseguiu gerir com pinças um plano que envolvia a estrada e a pista e para isso sempre esteve em equipas abertas a isso. Um excelente rolador, defendia-se bem na montanha e conseguia ajudar os seus líderes nesse terreno. Sempre houve muitas expectativas sobre a sua evolução, foi medalhado em Mundiais enquanto júnior e sub-23 e termina a sua carreira com 12 vitórias, um número muito bom para o pouco que dava nas vistas, e o que fica é a qualidade dessas vitórias, foi 2 vezes campeão nacional, ganhou 2 etapas na Volta a Suíça, levou para casa o Tour Down Under em 2011, já para não falar da quantidade de vezes que ajudou a sua equipa a triunfar num contra-relógio colectivo, uma arte em que era mestre.

  • Anos como profissional – Umas longas 16 temporadas como profissional, com passagens por Southaustralia.com-AIS (2007-2008), Team Garmin (2009-2011),  Team BikeExchange (2012-2022), com o pequeno interregno da Dimension Data em 2016.
  • Nº de vitórias: 12 como profissional, incluindo 2 campeonatos nacionais e o Tour Down Under em 2011, uma prova disputada ao segundo contra Matthew Goss.
  • Nº de Grandes Voltas – Apenas 10 Grandes Voltas, das quais concluiu somente 4, com a particularidade de ter participado em 2 triunfos colectivos no Tour 2013 e no Giro 2014 e desde 2015 apenas ter realizado 2 provas de 3 semanas.
  • Melhor temporada – A nível pessoal foi a época de 2013, para além de ter ajudado a Orica a ganhar 1 etapa no Tour, foi campeão da Oceania, 6º na Volta a Turquia, 5º na Volta a Califórnia e 10º na Volta a Suíça, onde também venceu 1 tirada, chegou a pensar-se que aos 25 anos poderia eventualmente ser um candidato a provas de 1 semana caso melhorasse na montanha.
  • Total de kms em corrida – 110 979 kms de competição, o que nem é muito para alguém que fez 16 anos como profissional, Meyer nunca tinha épocas muito longas na estrada porque falhava algumas corridas devido à pista.
  • Corrida em que mais vezes participou – Alinhou por 10 ocasiões no Tour Down Under.

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