Entramos no último capítulo desta mini-série dos ciclistas que irão pendurar a bicicleta no final da temporada e, o destaque tem de ser o inevitável, Peter Sagan. O tricampeão do Mundo não irá deixar a bicicleta por completo, já que se irá dedicar ao Mountain Bike e irá fazer algumas provas de estrada na RRK Group – Pierre Baguette – Benzinol. Um dos grandes ciclistas da sua geração, foi um corredor que trouxe outra forma de estar no ciclismo, um atleta mais descontraído e brincalhão, tanto em cima como fora da bicicleta.
Apareceu cedo na Liquigas, e com passagens pela Tinkoff, BORA-Hansgrohe e TotalEnergies deixa o seu palmarés com 121 triunfos e muitos, mas muitos mesmo, segundos lugares. 3 títulos mundiais de estrada consecutivos, 12 etapas no Tour de France, 7 camisolas verdes (5 delas consecutivas), 4 etapas na Vuelta, 2 etapas no Giro, 1 Paris-Roubaix e 1 Tour de Flandres, entre mais dezenas e dezenas de vitórias importantes. Um enormíssimo palmarés, onde, com tanta qualidade, ficaram a faltar mais Monumentos. Impressionante como nunca venceu a Milano-Sanremo. Com a saída de Sagan, também os seus fiéis companheiros Daniel Oss e Maciej Bodnar abandonam o ciclismo de estrada, dois ciclistas muito importantes ao longo da carreira do eslovaco.
Outro campeão do Mundo que pendura a bicicleta é Rohan Dennis. Com 33 anos, o australiano foi, consecutivamente, campeão do Mundo de contra-relógio e passou pelas melhores equipas do Mundo, como BMC, INEOS e Jumbo-Visma. Nos seus grandes dias era um perigo, não só no contra-relógio mas também na montanha. Tao Geoghegan Hart tem de lhe agradecer muito o triunfo no Giro 2021. No entanto, Dennis era um ciclista que tinha de estar bem mentalmente para render, algo que nem sempre acontecia e, por isso, com um feitio não tão fácil de lidar, nem sempre conseguia grandes resultados. Ainda na Oceânia, falar dos abandonos de um dos melhores lançadores da sua geração Shane Archbold e Jack Bauer, um corredor de muito trabalho.
Das grandes nações do ciclismo, falta-nos falar da Itália. Após nomes importantes terem abandonado nas últimas temporadas, 2023 foi um ano sem grandes saídas. Mesmo assim, destacar, Manuele Boaro, Davide Martinelli e Antonio Nibali (todos eles da Astana), Simone Bevilacqua e o veterano Francesco Gavazzi, um ciclista que muitas vezes veio correr a Portugal, tendo inclusive ganho na Volta a Portugal. Falando em veteranos, Jos van Emden põe um ponto final na carreira, contra-relogista puro que ainda este ano se sagrou campeão nacional da especialidade. Homem muito leal à estrutura da Jumbo-Visma vai permanecer na mesma, como diretor desportivo da equipa feminina.
Dentro do World Tour, falar, ainda, de Andrey Zeits, mais um ciclista da Astana que se retira. O cazaque foi um ciclista muito fiável por onde passou e para a estatística fica ter começado e completado as 21 Grandes Voltas que começou. Curiosidade enorme ter vencido uma etapa e a geral do Tour of Kyushu, a última prova da carreira. Tsgabu Grmay era, mais um, ciclista muito fiável. Trepador competente foi um dos grandes nomes do ciclismo africano na última década. Retira-se com apenas 32 anos. Daryl Impey foi outro dos grandes nomes do ciclismo africano nos últimos 10 anos que pendura a bicicleta. O sul-africano venceu no Tour de France, andou de amarelo e conquistou muitas mais vitórias no escalão máximo. Ciclista muito perigoso nas clássicas e nos primeiros meses do ano, principalmente nas provas australianas.
Por fim, mencionar Michael Schar (um ciclista cuja carreira fica ligada ao apoio a Greg van Avermaet), Chad Haga (norte-americano que venceu uma etapa no Giro) e dois escandinavos ainda jovens que, devido a muitas lesões, nunca conseguiram render o esperado entre os elites. Falamos de Niklas Eg (3ºno Tour de l’Avenir 2017) e Kristoffer Halvorsen (campeão do Mundo sub-23 em 2016).