Sem corridas durante um largo período, pelo menos, de forma oficial, até final de Abril, podia pensar-se que os ciclistas iriam relaxar um pouco. A quarentena obrigatória leva todos a ficar em casa no entanto há excepções e é isso que aconteceu na Bélgica, onde as pessoas podem realizar exercício físico ao ar livre, onde se incluiu andar de bicicleta.
Esta é uma notícia do agrado de todos os ciclistas belgas que, desta forma, podem continuar a treinar e manter a forma física para quando as corridas regressar, ao contrário dos colegas de profissão em Itália e Espanha. É certo que existem restrições e quem quiser treinar não deverá fazê-lo em grupos e um possível acompanhante só pode ser uma pessoa que viva na mesma casa, mantendo, contudo, uma distância de segurança para evitar contágios.
Ora, todo este contexto leva-nos a Oliver Naesen. O ciclista da AG2R La Mondiale tinha nas clássicas do empedrado grande parte dos seus objetivos da temporada. Entre Março e Abril iríamos ver quase todos os dias o corredor belga na estrada, na luta pelas clássicas e agora, como o próprio afirmou, “o meu calendário está vazio. Noutras temporadas estava superfocado. Tenho 29 anos. estou a atingir o meu pico”.
Para evitar perder a sua forma ao máximo, Naesen fez, esta quarta-feira um treino. Mas que treino! Mais de 365 quilómetros, com início e fim em Bruxelas, passando pelas estradas das clássicas da Flandres e por Brugge. 12 horas, 3 minutos e 4 segundos é o tempo que está marcado na sua conta do Strava. Tudo isto na companhia do campeão do Mundo de Gran Fondo, o também belga Maxim Pirard.
Em declarações ao Het Laatstse Nieuws, o ciclista da AG2R La Mondiale contou um pouco do seu treino. “Esta já era uma ideia que o Maxim tinha tido, é um homem de coisas extremas. Antes não estava “louco” para o fazer, mas chegou o momento de dizer que sim. Foi incrível! Puder despejar a minha cabeça por completo. Quase não vi ninguém e não ouvi nada sobre o Coronavírus. Fizemos o percurso a 30 kms/h, com três paragens numa padaria. Resumindo: não furei, 3 bolas de Berlim, 3 águas e 12 géis.”
No final, Naesen mostra-se esperançado e dá uma pequena sugestão: “Porque não fazer as clássicas canceladas no outono? Numa semana, corria-se à quarta, sábado e domingo. Podia-se alternar entre pavê e Ardenas porque são provas para ciclistas distintos.” Rematou com “no sábado correr a Liege-Bastogne-Liege e no domingo o Tour de Flanders. Não seria um grande fim-de-semana?”