Uma das equipas mais activas nesta fase inicial do mercado tem sido, sem sombra de dúvida, a BikeExchange-Jayco, uma das formações que curiosamente se viu ligeiramente embrenhada por esta luta pela manutenção no World Tour, apesar de não estar em apuros. Do plantel actual apenas estão confirmadas as saídas de Kaden Groves, para a Alpecin-Deceuninck, e de Sam Bewley, que se vai retirar do ciclismo profissional, e entretanto foram confirmadas 6 entradas, que vamos agora ver mais à lupa, por ordem cronológica.



Rudy Porter – Jovem australiano de 21 anos que terminou a sua formação na Trinity Racing, equipa que está na Volta a Portugal. É claramente uma aposta de futuro, foi 9º no Herald Sun Tour com apenas 20 anos, estava no top 15 da Volta a França do Futuro quando abandonou e este ano fez 4º no Alpes Isere Tour e 2º na Course de la Paix. É uma transferência compreensível, é normal uma equipa com licença australiana tentar contratar os melhores sub-23 australianos, a BikeExchange tem tradição disso e Porter dá indicações de ser um trepador com futuro risonho.

Blake Quick – No extremo completamente oposto face a Porter em relação a características físicas, mas de resto tem um percurso muito semelhante. 22 anos, nas 2 épocas na Trinity Racing, tem algum historial na pista e já deu nas vistas em algumas corridas UCI pela sua excelente ponta final. É o actual campeão nacional sub-23, veremos qual o papel que terá numa primeira fase, se até vai ter algumas chances em corridas menores como aconteceu como Kaden Groves, ou se vai incorporar algum comboio.

Eddie Dunbar – Um ciclista que conquistou 2 provas por etapas este ano, a Volta a Hungria e a Settimana Internazionale Coppi e Bartali. Fez a escola da Axeon e entrou na Ineos em 2019, temporada onde aguçou o apetite com o 3º lugar no Tour de Yorkshire e 22º no Giro, o que é muito bom para uma estreia em Grandes Voltas. Infelizmente essa seria a sua melhor época ao serviço da formação britânica, ainda recebeu uma ou outra oportunidade de liderança em corridas mais importantes e nunca correspondeu. É um trepador algo explosivo, bom em colinas, agora se a BikeExchange o contratou para liderar a equipa em corridas World Tour parece-nos muito forte, se a equipa australiana o fez para o apoio a Simon Yates e a tentar garantir aqueles 300/400 pontos World Ranking em corridas menores, aí tem mais condições para dar certo.



Chris Harper – Outro australiano, este com 27 anos e numa fase de maturidade diferente. Harper deu o salto em 2020 depois de um 2019 incrível ao serviço da Team Bridgelane, na altura muitos se questionaram porque a BikeExchange não o foi buscar. Na Jumbo-Visma desde 2020, obviamente entrou como gregário para a montanha e tem-se apresentado a um bom nível. Na formação neerlandesa teve chances para liderar sempre no UAE Tour, fez 4º em 2021 e 13º este ano, nunca fazendo parte daquele núcleo duro que está presente nas Grandes Voltas. É alguém experiente, que será relativamente útil nas montanhas, é uma contratação que faz sentido.

Filippo Zana – Aquele que mais promete e que vai ser mais interessante de acompanhar. Um bom júnior, o jovem italiano saltou para a ribalta com a época que fez no ano passado enquanto sub-23. Dias depois de completar o Giro pela Bardiani foi ganhar a Course de la Paix, daí fez 5º na Adriatica Ionica Race, venceu o Sazka Tour e fez 3º na Volta a França do Futuro, apenas atrás de Tobias Johannessen e Carlos Rodriguez. Este ano, já como líder da Bardiani, desiludiu um pouco na primeira fase da temporada, mas voltou a acelerar depois do Giro. Desta vez, triunfou mesmo na Adriatica Ionica Race e surpreendeu tudo e todos quando se sagrou campeão nacional de elites, logo de um país com tanta concorrência e uma tradição tão grande. Assina um contrato válido por 3 épocas, nota-se que é uma aposta de futuro, e é algo que a BikeExchange estava a precisar, principalmente porque Lucas Hamilton tem falhado na tarefa de liderar quando Simon Yates não está. É dos nomes a acompanhar em 2023.

Felix Engelhardt – Outro jovem, irá fazer 22 anos daqui a uns dias. É o actual campeão europeu sub-23 de estrada, título conseguido em estradas portuguesas há algumas semanas, num percurso para puncheurs. Completou a sua formação na Tirol KTM, de onde têm saído muitos ciclistas recentemente para o World Tour. É claramente um ciclista explosivo, muito bom nas colinas e que aparentemente tem motor para as clássicas das Ardenas. Ainda assim, fez este ano 6º na Volta a Itália para sub-23, onde havia muita montanha, é um aspecto onde tem vindo a melhorar.



Na nossa perspectiva, é claramente uma BikeExchange em fase de transição e a preparar o próximo triénio, considerando que a manutenção no World Tour está garantida. Não contrataram nenhum líder, nenhum nome sonante, os pilares estão bem definidos e estão a ser construídos à volta de Simon Yates e Dylan Groenewegen, garantias de pontos para 2023, pelo menos. Na próxima época é dar tempo para estes jovens crescerem com calma e nessa óptica a formação australiana até dá essas condições porque tem um calendário variado e participa em corridas por etapas da categoria 2.1. Não esperem é ver blocos super-poderosos já em 2023, não é claramente essa a intenção.

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