A subida de Sega di Ala mostrou um João Almeida autoritário e imponente na alta montanha, um lado do ciclista português que está a despontar nesta fase final da Volta a Itália e que ainda não tinha sido visto no Giro. Em poucos dias João Almeida subiu de 14º para 8º na classificação geral, e com mais 2 etapas de montanha e 1 contra-relógio onde é bem provável que ganhe tempo aos restantes candidatos, é possível subir ainda mais.
Falando de números, ontem o ciclista português foi o melhor em Sega di Ala, uma subida para puros trepadores, com 11500 metros a 9,7% de inclinação média. Bernal tinha-se mostrado superior da montanha, mas ontem explodiu completamente nos últimos 4 kms, perdendo quase 1 minuto, e não fosse Daniel Martinez, poderia ter sido bem pior e João Almeida fez o melhor tempo em Sega di Ala, com 38 minutos e 7 segundos.
Para os fãs dos detalhes e dos watts, isso significa uma subida de 38 minutos a cerca de 6 W/kg, o que por si só já é bastante bom, ainda para mais depois de uma etapa disputada e um ritmo muito elevado e no final do Giro. Ciclistas como Bardet, Vlasov ou Carthy acusaram o desgaste e fizeram cerca de 5,5 W/kg. Como referência, para ganhar tempo a toda a gente no Zoncolan, Bernal fez cerca de 6,3 W/kg, um valor muito aproximado a João Almeida em Sega di Ala, e com menor desgaste nas pernas.
Pode-se mesmo dizer que João Almeida é o novo recordista da subida de Sega di Ala, em 2013 Vincenzo Nibali fez 37:48, é verdade que fez menos 19 segundos que o ciclista português, mas a meta estava 300 metros antes. De referir também o excelente nível de Dan Martin, que esteve o dia todo na fuga, entrou nos 10 kms finais com 1:20 sobre o grupo dos favoritos e mesmo assim fez um tempo quase igual a Egan Bernal.
E agora, onde é que João Almeida pode chegar? O 4º lugar está a apenas 2:42 e ontem viu-se que uma vitória em etapa é perfeitamente possível, a Quick-Step será uma das equipas interessadas em endurecer a corrida e pode aliar-se com a BikeExchange.
Fonte para os valores: @faustocoppi60