As últimas semanas têm sido profícuas em movimentações nos bastidores do ciclismo, principalmente envolvendo a Bora-Hansgrohe e a Deceuninck-Quick Step. Já a 21 de Março tínhamos noticiado as intenções da equipa alemã em contar com Remco Evenepoel, e para estaria disposta, segundo Patrick Lefevere, a “comprar” a equipa belga. Lefevere recusou a proposta e ficou tudo a marinar, sendo visível a tensão e a rivalidade entre estes 2 managers, podem ler a notícia completa aqui.
Entretanto, antes do Tour des Flandres, Ralph Denk deu uma entrevista a um jornal alemão, onde indiciou que não havia particular interessa da equipa em renovar com Peter Sagan. “Estamos muito gratos pelo que Peter Sagan fez por nós. Os sponsors receberam muita visibilidade, mas ele está a entrar na parte final da carreira e ele é um dos ciclistas mais bem pagos do pelotão. Temos de ponderar, será que ainda queremos suportar um ordenado destes ou é melhor investir em ciclistas mais jovens?”
Contextualizando, há alguns anos que Peter Sagan é um dos ciclistas mais bem pagos do Mundo, mas também arrasta consigo alguns patrocínios e marcas de grande valor, como a Specialized. Tem 31 anos e a nível de resultados apresentou-se abaixo do habitual em 2019 e 2020, sofrendo também com o aparecimento da nova geração. Só tem contrato com a Bora-Hansgrohe até ao final de 2021 e começou a ano da pior maneira, ao contrair COVID-19 e a ser obrigado a atrasar imenso a sua preparação, o que o levou a não se apresentar a 100% nas clássicas. Mesmo assim ainda logrou ser 4º na Milano-SanRemo e 15º no Tour des Flandres e ganhar 1 etapa na Volta a Catalunha.
Estas declarações de Ralph Denk levaram a que Jonathan Vaughters se manifestasse contra ele, solidarizando-se com Lefevere. Vaughters diz que Denk não teria uma equipa World Tour sem Peter Sagan, e em grande parte isso até é verdade, é indubitável que Peter Sagan foi uma figura crucial no crescimento da Bora-Hansgrohe.
Entretanto houve novos desenvolvimentos em todo este enredo. E se Peter Sagan fosse para a Quick-Step e levasse com ele o dinheiro e o patrocínio da Specialized? Lefevere está à procura de patrocinadores para 2022 e neste momento apenas Remco Evenepoel, Yves Lampaert e Mauri Vansevenant têm contrato para o próximo ano, esperando-se, portanto, grandes mexidas. Segundo o L’Equipe, Peter Sagan está mesmo próximo da Quick-Step, o que faria todo o sentido, Lefevere está em conflito aberto com Denk da Bora-Hansgrohe, e desta forma também consegue patrocinadores e visibilidade, enquanto que Peter Sagan, que já não tem a plena confiança da sua equipa actual, encontrava a estrutura certa para voltar aos seus melhores momentos.
Obviamente que a formação belga não consegue manter todas as suas grandes figuras e vai ter de optar, sacrificando grandes figuras. Neste momento parece que as prioridades serão manter Evenepoel e uma forte equipa de clássicas, com Sagan, Lampaert, Asgreen e até Senechal. João Almeida é um alvo apetecível para metade das equipas World Tour e mantê-lo parece quase impossível neste momento, e mesmo Julian Alaphilippe não será um indispensável na estratégia de Lefevere.
Hoje o enredo desta novela adensou-se ainda mais, Beppe Conti refere que Sagan também terá em cima da mesa uma oferta da Israel Start-Up Nation, muito vantajosa financeiramente, e que garantiria a continuidade de Maciej Bodnar, Daniel Oss e Juraj Sagan junto do eslovaco. A questão é que desportivamente poderá não ser a melhor opção. Veremos os próximos desenvolvimentos nos próximos dias.