A boa notícia surgiu na última semana, Portugal poderá levar 6 ciclistas à prova de estrada dos Mundiais. Nos últimos anos nem sempre isto aconteceu e permite à selecção nacional ter mais opções para uma corrida disputada na Flandres.
O sistema de qualificação baseia-se no Ranking das Nações da UCI. Todos os países que estejam entre o 1º e o 10º lugar nesse ranking têm o direito de levar 8 corredores à corrida de estrada (no caso Bélgica, Eslovénia, França, Holanda, Reino Unido, Itália, Espanha, Dinamarca, Austrália e Colômbia). Portugal terminou a qualificação no 14º posto e todas as nações entre o 11º e o 20º lugar podem levar 6 ciclistas.
No mesmo lote estão a Alemanha, o Equador, a Suíça, a Rússia, a Noruega, a Irlanda, a Polónia, os Estados Unidos e o Canadá. Alguns países com menor expressão com a Nova Zelândia, a África do Sul, a Áustria, o Cazaquistão, a República Checa, a Estónia, a Eslováquia, a Ucrânia, a Eritreia e a Letónia poderão ir com 4 ciclistas, enquanto todos os outros países só terão 1 representante na corrida de estrada.
A qualificação fechou a 17 de Agosto, felizmente para Portugal 2 dias depois do triunfo de João Almeida na Volta a Polónia, que fez o corredor da Quick-Step somar muitos pontos para o ranking. João Almeida a essa data era 13º do ranking UCI com 1781 pontos e entre os portugueses o que mais se aproximava era Rui Costa no 87º posto com 571 pontos. Seguiam-se Nelson Oliveira, João Rodrigues, Ruben Guerreiro, José Neves, Amaro Antunes, Rui Oliveira, Rafael Reis e a fechar o top 10 nacional estava Frederico Figueiredo. Ou seja, para o ranking das Nações, cerca de metade dos pontos de Portugal foram somados por João Almeida e se contarmos só esses pontos praticamente colocava uma selecção à volta do 20º lugar.
O sexteto não deverá ser fácil de escolher e montar, até porque o traçado ondulado e explosivo não se adapta a alguns dos melhores ciclistas nacionais, terá de se adoptar uma estratégia ofensiva e diferente de outros anos para tentar colher um grande resultado. Certos no grupo de 6 elementos parecem Nelson Oliveira e Rui Oliveira, ambos são bons especialistas em clássicas e têm alguns bons resultados em corridas com empedrado, ambos parecem em boa forma e estão com ritmo á que estão a correr a Vuelta.
A selecção de João Almeida e Ruben Guerreiro também parece provável, apesar de não serem 2 especialistas em clássicas de empedrado. O terreno não é o ideal, estando os 2 em excelente forma não deixam de ser um perigo e uma carta a ser jogada de longe, lembrando que ambos são bastante competentes nas clássicas das Ardenas e que ambos têm alguma capacidade de explosão. Se ficarem de fora é porque poderão não querer arriscar sacrificar outros objectivos de finais de época
Parece-nos lógica a selecção de Rafael Reis para a prova de contra-relógio e consequentemente para a corrida de estrada. O traçado do esforço individual é completamente plano, o que vai mais de encontro às características do ciclista da Efapel comparativamente a Nelson Oliveira e João Almeida. Para além disso Rafael Reis está em grande forma depois da Volta a Portugal e fará uma preparação específica caso seja escolhido. Para a corrida de estrada é um excelente rolador e com o seu poderio adapta-se bem ao empedrado.
Seguindo esta lógica resta 1 vaga para a corrida de estrada, sendo que a 2ª vaga para o contra-relógio poderá ir para Nelson Oliveira. Para essa vaga há algumas opções, também em virtude da lesão de Ivo Oliveira. Rui Costa estará sempre nesse lote, mas o ex-campeão do Mundo ficou de fora dos Jogos Olímpicos e este é um percurso que não se adapta às suas características, não só tem perdido alguma explosão como muito raramente na sua carreira fez este tipo de corridas no empedrado.
André Carvalho renovou recentemente com a Cofidis, está com bastante ritmo competitivo e fez um calendário recheado de clássicas belgas este ano. O jovem de 23 anos tem sofrido alguns problemas físicos e ainda esta semana fracturou o escafoide, deve recuperar a tempo. No ciclismo português há algumas alternativas, principalmente pelo facto do Grande Prémio Jornal de Notícias ter sido mudado para depois da Volta a Portugal, estendendo o período competitivo e diminuindo o espaço entre a “Grandíssima” e os Mundiais. Pelas características dos corredores e estado de forma consideramos que João Rodrigues, Tiago Antunes ou Daniel Mestre se poderiam adaptar bem a este traçado.
Nas restantes categorias a presença não será tão alargada e até poderemos nem levar equipas completas, visto que o regulamento permite levar 3 elites femininas e 4 juniores femininas. Para a corrida sub-23 masculina poderão estar à partida 3 corredores.
Foto: UVP-FPC