As declarações dos ciclistas antes da etapa indiciavam que íamos ter uma jornada bem animada, mas acho que ninguém estava à espera do espectáculo que vimos. Houve uma enorme luta pela fuga e depois de inúmeros cortes ficaram cerca de 40 elementos na frente, a informação demorou a circular e quando surgiu a notícia de que Jai Hindley, Giulio Ciccone, Emanuel Buchmann e Wout van Aert (todos eles a menos de 1 minuto na geral) estavam escapados já era tarde demais para fechar o espaço. Outros nomes sonantes desse grupo eram Valentin Madouas, Julian Alaphilippe, Jack Haig, Mads Pedersen, Bryan Coquard, Daniel Martinez, Matteo Jorgenson, Rigoberto Uran, Esteban Chaves, Tiesj Benoot ou Marc Soler.

A cooperação não era a ideal, Mads Pedersen, Bryan Coquard, Wout van Aert e Victor Campenaerts aproveitaram para se escapar antes do sprint intermédio, onde Coquard bateu Pedersen e descaiu posteriormente, ficando apenas 3 elementos mais adiantados. No Col du Soudet o trio entrou com 1 minuto sobre o grupo perseguidor liderado pela Bora-Hansgrohe e 2:30 para o pelotão comandado pela UAE Team Emirates, que mesmo assim tinha Soler e Grossschartner na frente.




A 3 kms do alto da contagem de categoria especial Giulio Ciccone decidiu atacar e desfazer completamente o grupo perseguidor, apenas Gall, Neilands e Hindley foram com ele, apanharam van Aert e Campenaerts e já mais perto do alto foi Felix Gall a distanciar-se de toda a gente para passar em primeiro lugar no topo e conquistar o direito de envergar a camisola da montanha amanhã. Na descida houve um reagrupamento natural, van Aert e Alaphilippe voltaram a colar, ficaram ao todo 17 elementos na dianteira, com 4:10 para o grupo principal.

Como na subida anterior Felix Gall se mostrou o mais forte alguns ciclistas tentaram a sua sorte para antecipar o grande momento da etapa, Krists Neilands ganhou alguma vantagem e viria a ter a companhia de Julian Alaphilippe e Wout van Aert. Estes corredores entraram nos 30 kms finais com 20 segundos para o grupo perseguidor liderado pela Ag2r e 3:20 para o pelotão ainda com a UAE Team Emirates ao comando. O ritmo diabólico da Ineos e da Ag2r anularam estes elementos e a 4 kms do topo da última contagem de montanha já foi novamente Felix Gall, desta vez com Jai Hindley na sua roda.

No pelotão a Jumbo-Visma fartou-se do ritmo moderado da UAE Team Emirates e partiu completamente a resistência da concorrência, apenas Jonas Vingegaard e Tadej Pogacar conseguiam seguir na roda de Sepp Kuss, o último dos “comuns mortais” a descolar foi Carlos Rodriguez. Por fim, perto do quilómetro final da subida arrancou o dinamarquês, sem resposta do esloveno, abrindo até um fosso considerável, mais atrás vinham Rodriguez, Gaudu, Adam Yates e Simon Yates. Hindley cruzou o alto com 20 segundos para Gall, 50 para Ciccone e Buchmann, com Vingegaard logo atrás, Pogacar cedia bem mais de 30 segundos.




Tadej Pogacar não conseguiu encurtar espaços, antes pelo contrário, foi inclusivamente absorvido pelo grupo do camisola amarela, Adam Yates. Entretanto também Gall foi apanhado pelo grupo de Vingegaard e Hindley passou a 3 kms da meta com 40 segundos sobre o grupo de Vingegaard e 1:50 para o grupo de Tadej Pogacar. O australiano aguentou-se na frente e pôde celebrar não só a conquista da etapa, mas também a camisola amarela, chegando com 32 segundos para Giulio Ciccone e Emanuel Buchmann, mais 2 segundos para Vingegaard. O grupo de Pogacar chegou a 1:38, liderado por Mattias Skjelmose.

Contas feitas Jai Hindley é o novo líder da Volta a França, com 47 segundos de vantagem para Jonas Vingegaard e 1:03 para Giulio Ciccone, estando Pogacar apenas em 6º a 1:40.

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