Com a temporada de ciclismo em Portugal finalizada, é hora das equipas começarem a desvendar os seus plantéis para 2023. A Rádio Popular-Paredes-Boavista tem sido das equipas mais interativas nos últimos tempos, contando já com 9 ciclistas confirmados para a nova temporada. Dos 9 ciclistas, 5 transitam desta época e 4 chegam do pelotão nacional, incluindo 3 jovens promissores.
Tiago Nunes foi uma das sensações do pelotão de juniores, no seu segundo ano na categoria. Representou a Silva e Vinha – Adrap, sendo que os bons valores deste escalão foram ligeiramente ofuscados pelo excelente conjunto que a Bairrada montou, um leque chefiado pelo vice-campeão Mundial António Morgado e por Gonçalo Tavares, que na próxima temporada vai estar com ele na Hagens Berman Axeon. Tiago Nunes realizou uma temporada muito consistente, foi 6º no G.P. Minho e na Volta a Portugal, 4º nos Nacionais e por isso mesmo representou a selecção nacional em diversas provas internacionais, incluindo os Mundiais, onde concluiu em 58º.
Outro corredor que faz a transição directa dos juniores para os elites, sem passar pelos sub-23, é João Martins, jovem que foi formado na Academia de Ciclismo de Paredes. Também foi dos que ocupou os primeiros lugares ao longo do ano, especialmente se retirarmos da equação os elementos da Bairrada. Foi 5º nos Nacionais, top 10 em 4 das 5 provas da Taça de Portugal, foi recentemente 3º numa corrida em que participaram juniores e sub-23, a Volta às Terras de Santa Maria. Ao longo do ano destacou-se quando havia sprints, mostrando a boa ponta final que tem, um trabalho que também tem sido desenvolvido na pista.
O terceiro reforço já tem muito mais experiência a este nível, trata-se de Tiago Leal. O corredor natural de Paredes passou a profissional em 2018 com a Miranda-Mortágua, tendo saído para a Sicasal-Miticar-Torres Vedras em 2020 e ingressando na Kelly-Simoldes-UDO em 2022. Como sub-23 foi 3º na Volta a Portugal do Futuro em 2019 e 2 anos mais tarde foi 7º e ganhou 1 etapa, sendo que nessa temporada esteve de forma consistente entre os 10 melhores sub-23 no pelotão nacional. Esta época foi 15º no G.P. O Jogo e 3º no G.P. Anicolor, sendo que também esteve por vezes encarregue de ajudar o grande líder da equipa, Luís Gomes. Pela idade e experiência que já tem será uma possibilidade forte para integrar o núcleo mais duro que depois vai fazer a Volta a Portugal.
A última contratação é aquele ciclista que mais veterania tem e aquele que mais impacto poderá ter num curto prazo. César Fonte está de regresso a uma estrutura que representou entre 2014 e 2016, tendo obtido diversos pódios nesse período. O corredor que integrou a equipa da Kelly-Simoldes-UDO nas últimas 2 temporadas será o mais experiente, o capitão na estrada, aquele que aos 35 anos será um auxílio para interpretar certas situações de corrida. Ainda consegue ser um ciclista a ter em conta na média montanha, nos finais mais acidentados, tendo sido 5º no G.P. Abimota e 6º no G.P. Douro Internacional há poucos meses. Poderá ainda ser importante quando se tratar de integrar fugas perigosas para bloquear certas situações de corrida.
Em termos de renovações, a equipa primeiramente anunciou Guillermo Garcia Janeiro, que se trata de alguém que curiosamente Tiago Leal conhece bem, quando o ciclista português fez pódio na Volta a Portugal do Futuro, o espanhol agora de 22 anos finalizou em 4º, em representação da Super Froiz. Em 2017 foi campeão espanhol de juniores em contra-relógio, inclusivamente à frente de nomes bem conhecidos como Xabier Azparren ou Oier Lazkano. Em 2021 ingressou pela primeira vez numa equipa portuguesa, fez 2 corridas pela Efapel, assinando depois com a Rádio Popular Boavista para 2022. Fez um ano consistente, tendo sido escolhido várias vezes para correr, também em virtude de lesões ou outras condicionantes, como na Volta a Portugal. Somou muitos dias de competição e José Santos escolheu-o para voltar a integrar o plantel.
Numa estrutura que costuma confiar em alguns ciclistas espanhóis, Vicente Hernaiz integrou o plantel a meio de 2022 para colmatar os problemas de saúde de Pedro Miguel Lopes e Francisco Agea e o que fez convenceu os responsáveis da formação axadrezada. Hernaiz pertenceu à equipa sub-23 da Kometa em 2020 e 2021 e na segunda temporada até foi integrado na ProTeam como estagiário no final do ano. Em 2021 teve um bom desempenho no calendário amador espanhol, um cenário que é bastante competitivo, e lentamente foi-se adaptando à realidade do ciclismo nacional, tendo dado boas indicações no GP JN.
As lesões foram madrastas para Pedro Miguel Lopes em 2022, logo numa fase ascendente e decisiva na carreira para o promissor ciclista português, diversas vezes escolhido para representar Portugal nas selecções jovens. O jovem de 23 anos já retomou os treinos e irá tentar fazer as habituais provas de ciclocrosse para ganhar alguma rodagem, depois de não ter competido de todo a partir de Abril. É um puncheur de excelência, habitualmente muito consistente, capaz de andar bem o ano todo. Já foi 2º na Volta a França do Futuro, vice-campeão nacional sub-23, 2º na juventude da Volta a Portugal, tudo ao serviço da Kelly-Simoldes-UDO, onde esteve entre 2018 e 2021, se conseguir recuperar em pleno, tem potencial para ser uma das confirmações de 2023 no pelotão nacional.
As renovações mais recentes foram as dos líderes. Hugo Nunes foi o primeiro a ser anunciado, rubricando um contrato de 2 temporadas, isto depois de uma super-temporada, onde evoluiu muito e atingiu outro estatuto. Na formação boavisteira desde 2019, o ciclista de 25 anos já tinha sido rei dos trepadores na Volta a Portugal mas este ano juntou a consistência e a capacidade de sprintar. Foi 2º no GP Abimota e venceu uma etapa, 2º na Clássica Ribeiro da Silva e 4º no GP JN. Cada vez mais regulares, 2023 pode ser um ano ainda melhor.
Luís Fernandes é a derradeira cara conhecida, até ao momento. O trepador luso vai para a 4ª temporada de xadrez ao peito e é um ciclista que se guarda sempre para os grandes momentos. Teve a sua melhor Volta a Portugal da carreira no passado mês de Agosto, ao ser 4º, tendo terminado em 6º na Clássica Ribeiro da Silva e 10º no GP JN. A veterania está a tornar Luís Fernandes um ciclista mais cirúrgico, aparece sempre em bom plano na “Grandíssima”, algo que deve voltar a acontecer na próxima época.
Acreditamos que o plantel comandado pelo Professor José Santos tenha um total de 10 ciclistas, tal como em temporadas anteriores, pelo que ainda deve faltar anunciar um último nome do elenco para 2023.