A apresentação do Tour esta manhã foi uma ocasião para reunir alguns dos melhores ciclistas do Mundo no mesmo espaço e fora de competição. Num evento destes e com uma forte presença da imprensa houve muitas perguntas a serem feitas e algumas pistas foram reveladas sobre o calendário e os objectivos de alguns ciclistas para 2020.




No entanto o falatório começou mesmo antes da apresentação ter início. No dia anterior as televisões francesas passaram uma entrevista a Chris Froome. O britânico de 34 anos disse que está focado em recuperar para o Tour 2020 e confessou que Bernal lhe disse que está disposto a trabalhar para ele, mesmo sendo o campeão em título. Froome sofreu uma grave queda em Junho e ainda está a recuperar, já voltou aos treinos, mas ainda apresenta sequelas, entrando no palco a coxear.

O discurso hoje foi diferente, “só estar à partida do Tour será uma vitória para mim” foi a tónica do discurso. Apesar de faltarem etapas de muita quilometragem e algumas subidas míticas Froome disse que “este é claramente o percurso mais duro dos últimos 5/6 anos, é brutal. Há muitas oportunidades nas montanhas, é aí que se vai decidir a corrida”. Certamente a hierarquia da Team Ineos será definida algumas semanas antes do Tour começar, como o espaço entre o Giro e o Tour é reduzido é quase certo que nem Bernal nem Froome façam o Giro, resta saber o calendário de Carapaz e Thomas.

Egan Bernal foi o mesmo rapaz tímido que vemos depois das etapas acabarem, com uma oratória contida e sem querer arranjar qualquer conflito. “Há subidas muito inclinadas, subidas duras e acho que muitos vão tentar atacar, isso vai ser bom para quem está a ver em casa.” Questionado sobre se vai liderar a equipa no Tour respondeu que “primeiro temos de tomar a decisão de ir ao Tour ou não, temos de manter a calma e deixar a equipa analisar os percursos. Gostaria de voltar ao Tour, mas também tenho muito respeito pelas outras Grandes Voltas. Não estou preocupado se não for como líder único, no ano passado também não fui com esse estatuto e ganhei.”




Outro dos grandes protagonistas de 2019 foi o gaulês Thibaut Pinot, pela primeira vez na carreira o ciclista da Groupama-FDJ esteve próximo de ganhar o Tour, entrou nos últimos dias a lutar pelo triunfo até se lesionar e ser obrigado a desistir. Tal como suspeitávamos esse abandono foi muito complicado de lidar mentalmente para Pinot, mas o francês disse já ter ultrapassado a desilusão do ano passado.

“É um percurso para mim, mas não só para mim, é para todos os trepadores e assenta muito bem a Bernal também, por exemplo. Há montanhas logo de início e em rápida sucessão, vai ser uma guerra quase todos os dias.” Pinot foi obrigado a parar devido à lesão e agora está a descansar para começar a treinar em Novembro. Também ficou muito contente por 1 etapa passar muito perto de casa.




Julian Alaphilippe optou por baixar as expectativas, que são muito elevadas depois do que fez no Tour 2019, em que andou de amarelo imensos dias e só perdeu essa camisola nos últimos dias. “É um traçado sem precedente, que tem surpresas pelo caminho, é um cenário impossível de prever, o que é muito bom. Não estou a pensar em lutar pela geral, no papel há muitas etapas que me assentam bem, muito bem até, tenho de estudar o percurso com mais detalhe e fazer reconhecimentos. No entanto tenho outros objectivos e ambições também.” Há que diga que Alaphilippe está de olho nos Jogos Olímpicos de Tóquio e que por isso não quer levar o seu corpo até ao limite no Tour como o fez esta época, algo que visivelmente pagou factura na parte final da temporada.

Quem estava com cara de poucos amigos ao ver o percurso era Caleb Ewan, o ciclista mais vitorioso do Tour 2019, com 3 triunfos em etapa, estava a ver que existem muito poucas oportunidades para os homens rápidos com tanta dureza.



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