Os nossos leitores decidiram e elegeram Biniam Girmay como o ciclista revelação de 2022. Num total de 197 votos (obrigado pela participação), e em mais uma votação apertada, recebeu 77 votos, o que equivaleu a 39%. Juan Ayuso esteve perto e foi 2º, com 66 votos. A luta pelo último lugar do pódio foi ainda mais renhida, com 3 ciclistas separados por 3 votos e com Olav Kooij a levar a melhor. No dia de amanhã, sairá a 4ª sondagem, onde vamos eleger o gregário do ano.
Após os nossos leitores terem dado a sua opinião, é hora das 3 pessoas que colaboram neste projeto também irão deixar o seu ponto de vista fundamentado em relação à sua escolha.
André Antunes – Olav Kooij
Talvez, poucos tivessem ouvido falar deste nome até há pouco tempo. O que é certo é que foi o ciclista mais vitorioso da equipa Jumbo-Visma, com 12 triunfos, à frente dos 9 de Van Aert. Quando Dylan Groenewegen saiu, muitos podiam pensar que seria difícil a equipa ter um sprinter de qualidade para discutir vitórias, mas a resposta foi dada de pronto.
Começou a dar boa conta de si no UAE Tour e no Tirreno Adriático, mas os primeiros dois triunfos apareceram no Circuit de Sarthe, mais a conquista da geral. Seguiu-se um triunfo no Tour da Hungria e três etapas no ZLM Tour. Em julho, o jovem de 21 anos acabaria por chegar ao seu primeiro triunfo em provas do WorldTour, na primeira etapa da Volta à Polónia. Os dois triunfos no Tour da Dinamarca e na clássica Sparkassen Munsterland Giro foram explícitos sobre a sua qualidade, onde acabou por discutir e bater Jasper Philipsen e outros dos melhores sprinters da atualidade. Mas nesta categoria de “Revelação do ano” eram vários os ciclistas merecedores. Arnaud de Lie, Arensman e Ayuso também fizeram temporadas a grande nível.
André Esteves – Olav Kooij
Até agora esta foi a escolha mais difícil de fazer. Todos os nomes que colocámos na sondagem se destacaram ao longo da temporada, uns de uma forma mais esperada que outros. Kevin Vauquelin foi peça importante para a promoção da Arkea-Samsic, somou muitos top-10 mas faltou o triunfo. A um nível superior também Mattias Skjelmose fez uma temporada brilhante, venceu a Volta ao Luxemburgo, em provas de uma semana conseguiu mais 4 pódios.
Os espanhóis Carlos Rodriguez e Juan Ayuso realizaram temporadas fabulosas, já estiveram na luta por provas do World Tour e o último conseguiu já fazer pódio na Vuelta, aos 19 anos, brutal! A qualidade de ambos sempre esteve lá, destacaram-se muito nos escalões de formação, pelo que não é uma completa surpresa. Thymen Arensman apareceu a espaços, quando teve oportunidade e foi mais uma bela confirmação, com destaque para a Vuelta. Biniam Girmay foi o que foi, a sensação das clássicas, venceu a Gent-Wevelgem e no Giro mas a partir daqui desapareceu um pouco. Arnaud de Lie tentou ser a salvação da Lotto Soudal, conseguiu 9 triunfos mas foram todos em provas 1.1 de forma a maximizar os pontos, pois quando enfrentou os grandes tubarões nunca conseguiu vencer.
Desta forma, para mim, a revelação do ano é, nada mais nada menos que Olav Kooij. Inserido numa Jumbo-Visma onde as classificações gerais e as clássicas são a prioridade, o jovem neerlandês aproveitou com unhas e dentes as oportunidades que teve! Aqueceu os motores com vários top-10 no UAE Tour e no Tirreno-Adriático, e de abril até outubro conseguiu 12 triunfos, incluindo 1 no World Tour! Venceu duas gerais, mostrando ser um corredor versátil e, nas vitórias conseguidas derrotou nomes como Mads Pedersen, Dylan Groenewegen, Elia Viviani, Mark Cavendish, Arnaud Demare, Fabio Jakobsen e Jasper Philipsen. Aos 21 anos, Kooij tem tudo para ser um dos grandes sprinters da próxima década!
João Crespo – Arnaud de Lie
Até agora foi a escolha mais complicada que tive de fazer. Para além da performance desportiva fui pela surpresa para fazer esta escolha. E para fazer isso fui ver o que perspectivámos na habitual série “Melhores equipas do ano” para cada um destes ciclistas. No caso de Juan Ayuso e Biniam Girmay já falávamos do potencial para se afirmarem como líderes em 2022 e isso aconteceu, o eritreu confirmou todo o potencial ao ser destaque nas clássicas e no Giro enquanto chefe-de-fila da Intermarche-Wanty-Gobert e o espanhol terminou 2022 em beleza com uma enorme Vuelta, para além das exibições realizadas anteriormente.
Dentro dos nomeados para estas categorias Arnaud de Lie era um dos mais desconhecidos e passou de ganhar no Tour de Alsace para bater grandes nomes do sprint mundial, enquanto tentava salvar uma equipa do World Tour. O jovem belga de 20 anos foi destes corredores aquele que terminou a época com mais pontos UCI, com 2268 pontos, contra 1875 de Girmay e 1605 de Ayuso, em relação a vitórias apenas foi superado por Olav Kooij, que registou 12 triunfos contra os 9 do belga.
Esta quantidade de pontos também se justificam pelo calendário repleto de clássicas que De Lie teve, sendo essa uma das razões pela qual mal o vimos em corridas por etapas no World Tour. É verdade que venceu “apenas” várias clássicas 1.1, mas pelo caminho bateu nomes como Juan Molano, Gerben Thijssen, Hugo Hofstetter, Arnaud Demare, Giacomo Nizzolo, Mark Cavendish ou Sam Bennett. Mais do que isso, recaiu nos ombros de um jovem de 20 anos tentar “salvar” a Lotto-Soudal da despromoção e Arnaud de Lie, conseguiu isso praticamente sozinho, não fosse as constantes quedas e lesões de Ewan e a decadência de Philippe Gilbert. Foi o meu escolhido pela preponderância interna, pela resiliência e pela surpresa.