Se 2021 foi muito bom, 2022 foi um sonho para a Tavfer-Mortágua-Ovos Matinados, uma equipa que nesta época teve Gustavo Veloso como figura central ao volante, agora na função de director desportivo. Foi a temporada em que registou não só mais triunfos no calendário nacional (um total de 7 não contando com classificações secundárias, mas também foi o ano em que conseguiu deixar a sua marca na Volta a Portugal, com 2 vitórias em etapas. Como se costuma dizer no futebol, a estrutura do distrito de Viseu decidiu que em equipa que ganha não se mexe e actualmente tem no panorama para a próxima época um total de 10 renovações e apenas 1 contratação.

O grande protagonista da fase final e decisiva do ano foi o sprinter João Matias, que mantém um programa paralelo de estrada e pista, ajudando a selecção nacional das principais provas internacionais de pista. Aos 31 anos somou as maiores vitórias da carreira, ao superiorizar-se nas chegadas a Castelo Branco e Viseu durante a Volta a Portugal, somando ainda o Circuito de Malveira dias mais tarde. Ao longo da época foi um dos corredores mais regulares do calendário interno, ganhou a classificação da montanha na Volta ao Algarve, fez 3 top-5 na Volta ao Alentejo e foi 5º nos Nacionais, depois tudo correu na perfeição na Volta a Portugal para culminar uma excelente temporada.




O outro ciclista que somou mais do que 1 vitória foi o venezuelano Leangel Linarez, uma das sensações de 2020. O que fez em 2022 não foi surpreendente, abriu logo o ano a conquistar a Prova de Abertura e a 3ª etapa da Volta ao Alentejo, o que também foi importante para a equipa pois retirou de imediato alguma pressão dos resultados. Depois teve alguns problemas físicos e ficou de fora da Volta a Portugal, prova onde brilhou em 2020 como o sprinter que mais de perto ombreou com Dan McLay dentro das equipas portuguesas. Linarez ainda tem margem de evolução e é dos corredores mais possantes do pelotão nacional, com João Matias perfaz o duo de sprinters mais perigoso dentro das equipas Continentais.

Angel Sanchez foi outro ciclista que levantou os braços esta época, nomeadamente no G.P. Mortágua – Pedro Silva, uma vitória emocional, onde a equipa deu tudo pelo falecido mentor e responsável do Velo Clube Centro. O espanhol de 29 anos posteriormente surpreendeu para fechar em 13º a Volta a Portugal, defendendo-se na alta montanha. Dentro dos triunfos falta ainda referir o de Bruno Silva, que voltou a festejar na 1ª etapa do G.P. Douro Internacional, prova que viria a terminar na 5ª posição. Aproveitou muito bem o facto de não existir um grande líder para as classificações gerais, tendo sido ainda 14º no G.P. O Jogo, 22º na Volta a Portugal e 6º no G.P.J.N.

Para António Barbio o regresso ao ciclismo depois de deixar a modalidade em 2019 foi bastante positivo. Na fase inicial da temporada acusou um pouco a falta de ritmo, mas acabou a voar, ajudou imenso João Matias nos sprints da Volta a Portugal, foi 2º no G.P. Anicolor e 11º no Troféu Joaquim Agostinho, é um ciclista muito completo e combativo, que será ainda mais perigoso em 2023 se estiver com a mentalidade certa. Gonçalo Carvalho foi um regresso depois de completar aqui a sua fase dos escalões jovens, fez uma Volta a Portugal bem razoável, onde acabou em 21º, mas mesmo assim temos expectativa de ver mais e melhor do jovem de 24 anos, que cremos tem mais para mostrar na montanha.




Quando Nicolas Saenz apareceu no ciclismo nacional, em 2020 através da Efapel tínhamos muito curiosidade em ver o que o colombiano que tinha feito top 15 no Baby Giro conseguiria fazer. Agora com 25 anos, e depois de uma época com alguns problemas físicos, dá a sensação que será uma espécie de época “make it or break it” para o ciclista que está numa estrutura a apostar em jovens trepadores. Gonçalo Amado confirmou o que tinha alcançado em 2021, na altura ao serviço do Feirense, foi 4º no G.P. Abimota e no G.P. Anicolor, mostrou ser um ciclista que passa bem a montanha e tem uma boa ponta final, algo que em Portugal é indispensável tendo em conta a orografia das nossas corridas. O lote de 10 renovações ficou completo com o combativo e trabalhador Francisco Morais, que vai para a 3ª época na estrutura e para o experiente Rui Carvalho, um ciclista mais talhado para a montanha.

Para 2023 o benjamim e a novidade no plantel será o muito jovem Rafael Barbas, um junior que foi 4º nos Nacionais de contra-relógio, 6º na prova de estrada e 12º na Volta a Portugal desta categoria, isto no meio do domínio da Bairrada e em representação da Landeiro-KTM-Matias&Araujo-Frulact. Chegou a representar a selecção nacional e fez algumas corridas em Espanha, tendo alguma experiência internacional. Natural do distrito da Guarda, vai ter uma primeira temporada como profissional que será certamente de muita aprendizagem.

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