Mais uma prova que tudo no ciclismo tem o potencial de mudar muito rapidamente. A transferência de Jay Vine para a UAE Team Emirates era algo falado há algum tempo, desde que o australiano protagonizou 2 exibições incríveis na Volta a Espanha, que o levaram a 2 vitórias em etapa, as maiores da sua carreira.

A 31 de Outubro (há apenas 3 dias veja-se), Vine conversou com o VeloNews e quando questionado sobre esta possibilidade, negou essa mudança de equipa, confirmando apenas que houve apenas conversações após a 8ª etapa da Vuelta e que tinha contrato com a Alpecin-Deceuninck para 2023. Foi com alguma surpresa que hoje a UAE Team Emirates confirmou a contratação do trepador australiano para as próximas 2 temporadas.




Reflectindo um pouco sobre a carreira de Jay Vine, é pintada uma imagem de um ciclista “feito” pelo Zwift, uma plataforma de corridas online, visto que depois de ganhar uma competição nessa plataforma, ganhou acesso a um contrato com a Alpecin-Deceuninck, que viu no australiano bons valores e potencial. No entanto, no ano em que ganha esse concurso, já tinha sido 5º no Herald Sun Tour, ao serviço de uma equipa Continental australiana, a Nero. Nessa prova, Vine apenas perdeu para 4 ciclistas que estão no World Tour neste momento: Jai Hindley, Sebastian Berwick, Damien Howson e Neilson Powless, ficando inclusivamente à frente de Michael Storer.

Vine surpreendeu logo em 2021 quando foi 2º na Volta a Turquia e na sua estreia em Grandes Voltas esteve perto de tocar o céu, ao ser 3º na 14ª etapa da Vuelta. Entrou forte nesta temporada, com boas exibições em chegadas em alto, voltou a ser 2º na Volta a Turquia, apenas perdeu a Volta a Noruega para Remco Evenepoel e depois realizou aquelas exibições do outro Mundo tanto em Pico Jano, como em Collau Fancuaya. Acusou o desgaste mais à frente na Vuelta e acabou por abandonar devido a queda numa altura em que tinha a classificação da montanha quase no bolso.

Aos 26 anos, quase a fazer 27, vai para uma das melhores equipas do Mundo, dando talvez o derradeiro salto na carreira. Pensamos que foi contratado com o pensamento de fazer na UAE Team Emirates o papel que Sepp Kuss faz na Jumbo-Visma e até tem características semelhantes, não é visto como alguém propriamente fiável nas corridas de 3 semanas e tem um talento e uma capacidade incrível nos seus dias. A Emirates ficou assustada com o isolamento de Pogacar no Tour deste ano e é notória a preocupação para que isso não volte a acontecer, é por isso que Adam Yates, Tim Wellens, Felix Grosschartner e agora Jay Vine foram contratados, a questão é se serão os ciclistas certos para estas funções numa estrutura que tem Juan Ayuso a aparecer e que espera ainda melhores desempenhos de João Almeida.




Para Vine foi uma escolha entre ser o líder incontestado na montanha numa estrutura que liga pouco ou nada a este terreno e que não lhe poderia oferecer grande apoio e ser um ciclista importante (de apoio), numa das maiores equipas do Mundo, certamente com um ordenado condizente com estas tarefas. Apesar de ser um contra-relogista bem melhor do que muitos poderão pensar, Vine não é fiável na sua regularidade e colocação, algo que não o impedirá de ser certamente uma opção para algumas corridas de 1 semana do World Tour, especialmente aquelas com mais montanha. Tal como mencionámos num artigo esta semana nem sempre as saídas são por mútuo acordo, resta saber, se é que alguma vez vamos saber, se a Alpecin-Deceuninck foi compensada financeiramente pela UAE Team Emirates pela saída de um corredor que tinha contrato.

A UAE Team Emirates tem estado bastante atenta a oportunidades neste mercado e recentemente também contratou o neozelandês de 30 anos Michael Vink. Se nunca ouviram falar dele não estranhem, nem nós que estamos sempre atentos a todas as provas tínhamos conhecido a fundo sobre ele. Campeão nacional de estrada em 2012, de contra-relógio em 2015, fez algumas corridas na estrada em 2019, com alguns resultados assinaláveis em corridas chinesas. Foi recrutado após ter sido campeão no MyWhoosh, outra plataforma de corridas digitais.

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