A União Ciclista Internacional revelou há poucos dias o calendário de provas para 2020, com datas e categorias das provas. Portugal irá ter 5 provas U.C.I, ao contrário das 6 de 2019. Para já a ausência é do G.P. Beiras e Serra da Estrela, veremos mais tarde se a prova desaparece mesmo do calendário ou se ainda haverá outra opção ou formato para a mesma. As 5 provas que estarão no calendário em 2020 são:
Volta ao Algarve em Bicicleta – 19 a 23 de Fevereiro – Categoria 2.Pro
Clássica da Arrábida – 15 de Março – Categoria 1.2
Volta ao Alentejo – 18 de Março a 22 de Março – Categoria 2.2
G.P. Internacional de Torres Vedras – Troféu Joaquim Agostinho – 9 a 12 de Julho – Categoria 2.2
Volta a Portugal Santander – 29 de Julho a 9 de Agosto – Categoria 2.1
Resumidamente não há grandes alterações de datas nem de categoria, a Volta a Portugal coincide com os Jogos Olímpicos. Ainda se falou antes da divulgação do calendário que a Volta a Portugal poderia passar a integrar a ProSeries, mas tal não aconteceu, a única competição portuguesa nesse lote restrito de provas é a Volta ao Algarve. Basicamente manteve-se a hierarquia que estava instalada.
UCI Pro Series
Nesta parte vamos tentar explicar o que é esta nova divisão de provas que a U.C.I. criou e vamos analisar porque ficou a Volta a Portugal de fora desta divisão. Vamos partir do pressuposto que a organização da Volta a Portugal queria fazer parte da UCI Pro Series e que a avaliação da U.C.I. foi imparcial e puramente baseada nos critérios que o próprio organismo estabeleceu e publicou. É perfeitamente plausível que a organização da Volta a Portugal não tenha requerido a promoção a esta categoria.
Para 2020 a U.C.I. decidiu implementar uma espécie de reforma que afecta essencialmente os escalões intermédios do ciclismo internacional. Vai haver corridas World Tour (com as 3 Grande Voltas, a polémica Classics Series e as outras provas), corridas UCI Pro Series (onde está a Volta ao Algarve e uma selecção de corridas HC e .1) e os restantes circuitos Continentais (Europe, America, Africa, Asia e Oceania Tour).
Vão fazer parte desta ProSeries um total de 54 corridas, a grande maioria delas eram as provas .HC de 2019, vejamos as excepções:
Corridas que passaram de WT em 2019 para a ProSeries:
Volta a Turquia – Vai passar a ser de 12 a 19 de Abril
Corridas que não existiam e estão na ProSeries:
Maryland Cycling Classic – 6 de Setembro
Corridas que passaram de .1 em 2019 para a ProSeries:
Volta à Comunidade Valenciana; Tour de la Provence; Classic l’Ardeche; Royal Drome Classic; Gran Premio Miguel Indurain; Tro Bro Leon; Grand Prix de Plumelec; Boucles de la Mayenne, ZLM Tour; Dwars door het Hageland; Volta a Áustria; Coppa Sabatini; Coppa Bernocchi
Corridas que eram .HC em 2019 e ficaram de fora da ProSeries:
Ronde van Drenthe; G.P. Canton d’Argovie; Tour de l’Eurometropole; G.P. Bruno Beghelli; Tre Valli Varesine
Saem 5 provas da categoria .HC, todas ela clássicas e 13 corridas passam de .1 para a ProSeries, curiosamente metade delas francesas.
Condições de elegibilidade
O primeiro critério para o calendário global da ProSeries é que este não pode exceder o 190 dia de competição, estando neste momento nos 175 dias. Ou seja, havia espaços para mais provas. O número de dias de competição de provas num país na ProSeries não pode exceder os 15% do total de dias de competição que um país tem em provas UCI. Aqui é que Portugal está em apuros, já que tem poucas provas UCI, com a Volta ao Algarve Portugal tem 19% dos dias de competição na ProSeries, com a Volta a Portugal teria um total de 57%, muito acima do limite estabelecido.
Para além disso um evento que seja novo no calendário não pode coincidir com 3 ou mais provas UCI World Tour ou ProSeries. Isso não acontece em 2020 por causa dos Jogos Olímpicos, mas em condições normais a Volta a Portugal pode coincidir com a Vuelta a Burgos, o Tour de Wallonie, a Clássica San Sebastian, a Volta a Polónia, a Prudential Ride London ou o Binck Bank Tour.
Outro critério importante é a qualidade das equipas participantes no evento em 2019, a UCI definiu um mínimo de 10 equipas World Tour ou Profissional Continental e na Volta a Portugal só participaram 5 equipas Profissionais Continentais. É verdade que nem todos os eventos cumprem este requisito, mas ao menos aproximam-se mais.
No entanto ainda existe outro ponto importante, a UCI refere que as provas na UCI ProSeries não devem exceder os 6 dias na Europa e os 8 dias fora da Europa, abrindo excepções para os eventos que queiram manter a sua duração por razões históricas e mediante aprovação do comité de avaliação. Existem excepções na Europa? Sim, a Volta a Áustria mantém os seus tradicionais 7 dias de competição e o Tour of Britain terá 8 etapas ao todo.
É importante realçar que estas licenças foram emitidas de acordo com a reforma UCI no horizonte 2022, são válidas até esse ano e será complicado entrar neste lote de provas.
Conclusão
Não antevemos grandes mudanças no panorama nacional no que toca ao ciclismo de elites, pelo menos até 2022 a Volta a Portugal deverá continuar nos moldes dos últimos anos, de categoria 2.1, com 10 dias de competição e com 3 a 5 equipas Profissionais Continentais presentes. Caso sejam aprovadas as 20 equipas no World Tour é mau para a prova, por vai passar a haver menos vagas para as equipas Profissionais Continentais com melhor ranking e vai haver menos procura por pontos.
A Volta ao Algarve também deverá manter-se nos mesmo moldes, uma corrida de 5 dias com um percurso habitual e que reúne um excelente pelotão, uma prova de preparação de excelência para as equipas do World Tour. Por pertencer à categoria ProSeries poderá é haver muito menos equipas portuguesas. A UCI exige às equipas que todos tenham passaporte biológico para participarem na ProSeries. Como as equipas Continentais portuguesas têm um orçamento tão reduzido e uma situação financeira por vezes periclitante pode haver algumas que dispensem esse custo acrescido (ainda é muito relevante) e falhem a Volta ao Algarve por causa disso.
Foto: PODIUM/Paulo Maria