Será uma Volta a Portugal com muita montanha e muitas chegadas em alto, poucas oportunidades óbvias para sprinters mas sem jornadas de extrema dureza, com montanhas de 1ª ou 2ª categoria encadeadas em rápida sucessão. Veremos como isso influencia a corrida e esperemos que a prova não fique “arrumada” logo na Torre.
A Volta a Portugal tem o seu início a 4 de Agosto em Lisboa, com um prólogo. A Capital Europeia do Desporto de 2021 será palco das primeiras pequenas diferenças na classificação geral e acolhe das 19 equipas que irão correr na “Grandíssima”.
A prova sobe à zona Oeste, com Torres Vedras a acolher a partida da 1ª etapa, ainda na ressaca do Troféu Joaquim Agostinho. O percurso volta a entrar na Área Metropolitana de Lisboa, passa por Vila Franca de Xira, entra na Margem Sul e termina em Setúbal, não sem antes seleccionar o pelotão na Serra da Arrábida. É preciso entrar a todo o gás na prova.
Na 2ª tirada a Volta a Portugal irá regressar ao Alentejo, com a ligação entre Ponte de Sor e Castelo Branco, com grande parte da jornada a decorrer no Alto Alentejo, no distrito de Portalegre, infelizmente sem passagens pelas serras alentejanas. Castelo Branco deve acolher um final ao sprint, dos poucas nesta edição.
A alta montanha entra em acção e logo em grande, com a 3ª etapa entre a Sertã e a Covilhã, com final no Alto da Torre. A subida ao ponto mais alto de Portugal Continental será feita pela Covilhã, com passagem pelas Penhas da Saúde. Ao contrário de outras edições desta vez é “apenas” uma chegada em alto, sem dupla passagem. Ainda assim, haverá certamente bastantes diferenças.
A corrida continua junto ao Parque Natural da Serra da Estrela com a ligação entre Belmonte e Guarda, os ciclistas poderão gastar todas as energias que tenham, pois, o dia de descanso ocorre logo de seguida. A parte final é bastante dura e ondulada, com 1 contagem de 2ª categoria e 2 de 3ª categoria nos 50 kms finais. Pode dar azo a algumas armadilhas.
Guarda irá então acolher o dia de descanso e a 5ª etapa sai de Águeda em direcção a Santo Tirso, uma jornada que irá passar por vários centros urbanos bastante populosos e que deverá ter muito público da estrada. O grande atrativo será ver como o pelotão irá atacar a subida final ao clássico Santuário da Nossa Senhora da Assunção.
O carrossel do Norte continua numa tirada entre Viana do Castelo e Fafe, a sala de visitas do Minho. A primeira metade da etapa decorre junto à fronteira com Espanha e é relativamente acessível, o mesmo não se pode dizer da aproximação a Fafe, com 2 contagens de 3ª categoria e 4 contagens de 4ª categoria em rápida sucessão. Podem ocorrer aqui alguns cenários diferentes.
A organização insiste na média montanha com a etapa entre Felgueiras e Bragança. Poderá eventualmente ser a 2ª e última chegada em pelotão compacto do evento, mas para isso haverá algumas dificuldades para serem ultrapassadas. O pelotão irá chegar já algo desgastado e grande parte da etapa disputa-se a uma altitude ainda elevada. Só os sprinters em grande forma poderão vencer.
Ao antepenúltimo dia de corrida haverá mais uma chegada em alto, sim, mais uma chegada em alto, depois da Torre, Santo Tirso e eventualmente Guarda se a considerarmos. O ponto de partida será Bragança e o ponto de chegada Montalegre, na Serra do Larouco. No entanto, até poderá ser a subida de Torneios, a 45 kms da meta, a fazer as maiores diferenças, é uma montanha mesmo muito complicada.
E como a organização pensa que chegadas em alto nunca são demais, na penúltima etapa temos a mítica chegada a Mondim de Basto, no alto da Senhora da Graça. Mais uma vez a jornada tem uma subida complicadíssima a cerca de 40/50 kms. Desta vez é a subida do Barreiro, uma contagem de 1ª categoria com pendentes terríveis. Se houver equipas a precisar de arriscar tudo este é o local perfeito para o fazer.
A Volta a Portugal termina numa cidade que a corrida bem conhece, em Viseu, com um contra-relógio individual relativamente plano de 20,3 kms, que poderá decidir o vencedor da competição. Um traçado com muitas rotundas, o que não surpreende em Viseu.
Em relação ao elenco, a grande novidade é o regresso da Movistar às estradas portuguesas, o mesmo foi anunciado pela formação espanhola esta semana nas redes sociais, com o intuito dos ciclistas mais jovens ganharem rodagem e experiência. Não é só o regresso da Movistar a Portugal, mas também o regresso de equipas World Tour (ou do escalão máximo do ciclismo mundial) à Volta a Portugal, algo que não acontecia desde 2011.
O contingente espanhol será muito forte aqui, com as presenças da Caja Rural, Euskaltel-Euskadi, Burgos-BH e Kern Pharma, todas do escalão Profissional Continental, tudo formações que já estão habituadas a correr em estradas nacionais. A Israel Academy, chefiada por Ruben Plaza, já esteve no Troféu Joaquim Agostinho e volta a estar presente aqui, bem como a Rally Cycling, que não é novidade na competição.
As 3 maiores novidades/surpresas são a Vini-Zabu, equipa Profissional Continental italiana que esteve recentemente suspensa por casos positivos de doping e que faz uma das primeiras provas desde que teve autorização para correr novamente, a Bingoal, equipa Profissional Continental belga que tem alguns ciclistas rápidos e a Swift Carbon, Continental britânica que faz das primeiras aparições em Portugal.
Estas 10 equipas estrangeiras juntam-se às 9 Continentais portuguesas e compõem o pelotão da Volta a Portugal.