Acabou hoje a Volta a Portugal do Futuro, a mais importante prova sub-23 do calendário nacional. A vitória ficou para Venceslau Fernandes, filho do homónimo Venceslau Fernandes, vencedor da Volta a Portugal, e irmão de Vanessa Fernandes, medalhada olímpica. Tiago Antunes e Hugo Nunes completaram o pódio final, numa competição onde só Francisco Campos ganhou mais do que 1 etapa, saiba aqui como tudo aconteceu.
A Volta a Portugal do Futuro, prova do escalão sub 23, começou com um circuito em Águeda, onde a fuga resistiu à perseguição do curto pelotão. O espanhol Oier Ibargurren chegou isolado, depois de deixar os seus colegas de fuga, Marvin Scheulen e Guillermo Janeiro para trás, e foi então o primeiro líder. A vantagem curta, inferior a 1 minuto, deixava tudo em aberto para a classificação geral.
Ao 2º dia, a etapa rainha, 136 kms entre Oliveira do Hospital e o Monte do Colcurinho, uma longa subida com uns 2 kms finais terríveis. A etapa foi muito aberta e muito atacada, a fuga viria a resultar de novo, desta vez de uma forma diferente. Um grupo de 9 elementos escapou-se antes do meio da etapa e somente Venceslau Fernandes e Hugo Nunes resistiram a quem vinha de trás. João Barbosa, do Fortunna/Maia, ainda se chegou a este duro, mas pagou o esforço da recuperação nos tais últimos 2000 metros, onde Venceslau Fernandes atacou de forma decisiva para a vitória, 3 segundos à frente de Hugo Nunes e 15 à frente de João Barbosa, com os restantes a chegarem a mais de 50 segundos.
As cidades de Arganil e Abrantes recebiam, respectivamente, a partida e chegada da 3ª etapa. Uma jornada de sobe e desce constante, que foi muito atacada, não foi nada fácil para a Liberty Seguros/Carglass manter a corrida controlada, mas tal foi conseguido. 2 ciclistas ainda entraram com uma ligeira vantagem no último quilómetro, mas tudo se viria a decidir na “parede” com que coincidia o final. Aí, o mais forte foi claramente Francisco Campos (ele que adora este tipo de finais), ultrapassando nos 100 metros finais José Martinez. Venceslau Fernandes foi 3º e conseguiu ganhar mais alguns segundos para os seus rivais, fruto de cortes que acontecer no quilómetro final.
Ontem foi dia de jornada dupla, pela manhã 80 quilómetros entre Abrantes e Castelo de Vide. A Liberty Seguros/Carglass e Miranda-Mortágua trabalharam para anular a fuga e chegou um pelotão com cerca de 30 unidades a Castelo de Vide. No Alentejo, e num final novamente complicada, foi outra vez Francisco Campos a festejar batendo por uma margem considerável Iuri Leitão, que lançou o seu sprint bem cedo, e Venceslau Fernandes, que voltou a alargar a sua vantagem devido aos cortes. Venceslau partia com 12 segundos sobre Hugo nunes, 28 sobre João Barbosa e 1:02 sobre Tiago Antunes para a jornada da tarde, um contrarrelógio de 8400 metros em Castelo de Vide.
E porque referenciámos Tiago Antunes antes? Porque o ciclista da Aldro Team fez um contrarrelógio fenomenal, sendo somente batido, em 10 segundos, por um supersónico Jorge Magalhães. Para termos uma noção, o 3º foi Guillermo Janeiro, a 35 segundos do ciclista da Miranda-Mortágua. Este esforço individual de Tiago Antunes valeu-lhe a subida à 2ª posição da classificação geral, a 21 segundos de Venceslau Fernandes, que defendeu com sucesso a camisola amarela. Hugo Nunes era 3º a 33 segundos, Jon Aguirre 4º a 45 segundos e João Barbosa caiu para 5º a 55 segundos. O vencedor do contrarrelógio Jorge Magalhães, também teve como prémio subir a 6º na geral.
Uma classificação que se manteve inalterada nas posições cimeiras na última etapa, um circuito em Santarém, coincidindo com o Festival. Os sprinters presentes voltaram a mostrar o que valem, e desta vez Iuri Leitão, da Sicasal/Constantinos/Delta Cafés, conseguiu ter a capacidade e o timing perfeito para bater o ex-campeão nacional deste escalão, Francisco Campos, com José Martinez de novo a completar o pódio.
A classificação da montanha também ficou para o vencedor da classificação geral, Venceslau Fernandes, a juventude foi para Ander Del Castano, um nome que tínhamos referenciado no artigo que fizemos antes da prova começar, a camisola preta ficou para o vencedor de 2 etapas, Francisco Campos. Colectivamente, vitória para a Aldro Team, por um escasso segundo sobre a Miranda-Mortágua, e 2:03 sobre a Baqué, com a Liberty-Seguros/Carglass a ficar na 4ª posição. De mencionar a boa presença das equipas espanholas, competitivas, sempre ao ataque e em fugas e que vieram completar um pelotão manifestamente curto, somente 67 ciclistas é muito pouco para uma competição importante como a Volta a Portugal do Futuro, sendo este um assunto que tem de ser revisto pelas autoridades competentes.
Fotos: PODIUM /Paulo Maria.