A semana passada foi apresentada a 40ª edição da Volta ao Alentejo, prova que terá o seu início amanhã, em Beja. Já falámos de alguns aspectos, hoje iremos mais ao detalhe sobre “A Alentejana”, visto que já há mais detalhes sobre o percurso e uma lista de participantes provisória.

 

Percurso

Começando pelo percurso, a primeira jornada é uma ligação de 168,8 kms entre Beja e Ourique e o primeiro líder da montanha será decidido em Mértola, quando os ciclistas passarem pela 4ª categoria. A chegada a Ourique não é fácil, os ciclistas vêm por uma estrada municipal, viram para um IC e saem à direita para o centro da vila. Aí vão faltar 500 metros, a estrada estreita muito, segue-se uma rotunda e viragem à esquerda para a curta recta da meta, que é em subida, a cerca de 5%.





A 2ª etapa é a chegada a Grândola, com o atractivo da Serra de Grândola já dentro dos 10 kms finais. Certamente vai haver ataques aí apesar do grau de dificuldade não ser muito grande, com 6,4 kms a 3,7%, é uma subida que raramente passa dos 5%, ainda assim depois dista muito pouco para a meta. O final é mais simples, os corredores vêm em descida, passam pelo último quilómetro e depois apenas têm uma curva de 90 graus à esquerda. A recta da meta tem 700 metros, é uma estrada bem larga.

Em Estremoz há terreno para fazer algumas diferenças, se a Serra d’Ossa for atacada (já dentro dos 20 kms finais) com 1800 metros a 7,9% os sprinters mais puros podem ficar para trás. Para além disso o final é em ligeira subida constante, ainda bem que o final não será feito a grande velocidade porque é muito técnico, os últimos 2,5 kms rondam os 3%.

Segue-se a jornada mais dura, com o final habitual em Castelo de Vide, apesar do traçado ser bem diferente dos anos anteriores. O organização tentou promover os ataques de longe e colocou o Cabeço de Mouro (1,7 kms a 11,1%) e a Serra de São Mamede (2,5 kms a 5,9%) a mais de 50 kms da meta. Ainda há o Porto de Espada (1,6 kms a 8,1%) e a subida a Marvão (3,2 kms a 5,1%) antes da Serra de São Paulo, que será a última chance de fazer as grandes diferenças, com 1300 metros a 8,5%. Não se espera um grande grupo em Castelo de Vide e ainda bem porque o final será muito técnico para além do último quilómetro ser a 4%.

Último dia com o final habitual em Évora, um dia com 3 metas volantes e um prémio montanha de 4ª categoria antes da meta em empedrado na Praça do Giraldo, onde nomes bem sonantes já venceram, caso de Juan José Lobato ou de Juan Sebastian Molano.

 

Táticas e favoritos

À hora que estamos a escrever este artigo ainda não existe livro de prova disponível, portanto vamos assumir que o modelo de bonificações se mantém face a 2022, isto é, 10, 6 e 4 segundos no final, 3, 2 e 1 segundos nos sprints intermédios. A confirmar-se isso, e também tendo em conta o que se viu na Clássica da Arrábida, o venezuelano Orluis Aular, vencedor de 2022, é o alvo a abater. O campeão do seu país, a representar a Caja Rural tem vários finais ao seu gosto e tem tudo para somar à volta de 30 segundos em bonificações. Sendo assim, o encadeado de subidas da 4ª etapa tem de ser aproveitado por quem queira deixar para trás o polivalente velocista. Aular já provou que, apesar de ser muito inconsistente, quando está em forma é um ciclista muito difícil de bater e conhece muito bem esta prova.



A lista de participantes tem qualidade e entre as equipas estrangeiras é preciso ter em atenção vários nomes, dentro da Burgos-BH há vários corredores que conhecem a realidade do ciclismo e do pelotão português, Oliver Rees já mostrou na Volta a Portugal que é um corredor interessante, na Kern Pharma Alex Jaime fez uma boa Clássica da Arrábida e Giovanni Carboni é dos melhores trepadores aqui presentes e a Hiper Europa vem com Xabier Canellas para os sprints e Alejandro Ropero para a geral. A própria Caja Rural, se a corrida rebentar na serra alentejana tem Jokin Murguialday, vencedor da classificação da juventude da Volta a Portugal, bem como Michal Schlegel.

Entre as equipas nacionais para os sprints os nomes mais em evidência em 2023 têm sido Francisco Campos e Rafael Silva, ambos num bom momento e muito confiantes. A dupla da Mortágua Leangel Linarez e João Matias ainda não apareceu, mas é muito perigosa, Santiago Mesa já mostrou ser um perigo à solta e a qualquer momento “saca” uma grande vitória com a sua explosão e o próprio Tomas Contte chega a uma prova que se adapta bem às suas características em forma, veremos como está Fábio Costa.



Para a classificação geral a Glassdrive/Q8/Anicolor conta com um antigo vencedor em Luís Mendonça e Mauricio Moreira, que já ganhou este ano e que também pode ir arrecadando alguma bonificação pelo caminho, é um ciclista algo explosivo. A Efapel tem sido uma das equipas em evidência e que mais tem assumido as corridas, Joaquim Silva andou bem no Algarve e no estrangeiro, as subidas mais empinadas e curtas favorecem Tiago Antunes. Veremos também se Adrian Bustamante consegue continuar o bom momento de forma que evidenciou no Algarve, o colombiano terá o apoio total da sua equipa.

By admin