A Vuelta começa com uma etapa original, como no País Basco é muito complicado realizar uma etapa plana o primeiro líder terá de subir bastante bem. É que o final é na mítica subida de Arrate, onde costuma terminar 1 etapa da Vuelta ao País Basco, e com 5 kms a 8,5% já se vão fazer diferenças e quem quiser ganhar tem de entrar a full gas.
Não há descanso e ao 2º dia a 17 kms da meta há 9,5 kms a 7.9%, sendo que depois até ao final é quase sempre a descer e como a Vuelta é a Vuelta há mais uma chegada em alto na 3ª jornada, com a Laguna Negra de Vinuesa (6,5 kms a 6,7%). Sendo uma espécie de “unipuerto” não são expectáveis grandes diferenças entre os favoritos.
Os sprinters ficarão mais descansados ao ver o perfil da 4ª etapa, com final em Ejea de los Caballeros, mas no dia seguinte há logo média montanha, com 2 contagens de 2ª categoria e 1 contagem de 3ª categoria nos 60 kms finais, para além de um final empinado em Sabinanigo.
A Vuelta pode muito bem começar a decidir-se ao 6º dia, pena é que são apenas 137 kms. Ainda assim há o Alto de Portalet (14,7 kms a 4,5%), o Col d’Aubisque (16,6 kms a 7%) e por fim o Col du Tourmalet (18,3 kms a 7,5), que coincide com o alto. Para concluir a 1ª semana de prova há mais um dia de média montanha, com o Puerto de Orduna (7,9 kms a 7,6%) a 20 kms do final, à partida pode ser dia para uma fuga.
Diferenças grandes podem vir a ser feitas novamente no Alto de Moncalvillo, com 11,3 a 7,6%, uma tirada fácil de controlar para as equipas dos favoritos. Em Aguilar del Campo os sprinters terão a 2ª oportunidade da corrida, enquanto em Suances é um dia para puncheurs, com os últimos 1500 metros a 5,9%.
Na 11ª etapa há pela frente 4 contagens de 1ª categoria condensadas em 168 kms, tanto o Alto de la Cobertoria e o Puerto de San Lorenzo são duríssimos e o Alto de la Farrapona não tem pendentes enormes, mas á muito longo. Ao 12º dia surge o mítico Alto de l’Angliru, numa jornada com 109 quilómetros e que termina com 13,2 kms a 9,4% e certamente com muitos ciclistas aos zigue-zagues.
Esta Vuelta tem tanta montanha que até o contra-relógio de 33 kms termina no Mirador de Ezaro, que tem 1,8 kms a 14,2%, o que poderá permitir aos menos especialistas minimizar perdas. Os ciclistas rápidos não terão vida fácil em Ourense, etapa de sobe e desce constante, muitos metros de acumulado e 1100 metros a 6,5% para terminar numa ligação de 205 kms.
A 15ª etapa será a mais longa, com 231 kms e novamente repleta de terreno ondulado onde poderá haverá emboscadas de longe. A chegada a Ciudad Rodrigo pode dar ideias a alguns sprinters que passem melhor a montanha, com a última contagem de montanha a 35 kms da meta.
Os últimos ajustes na geral serão feitos no Alto de la Covatilla, mas podemos já chegar aí com quase tudo decidido. Basicamente é uma etapa Unipuerto e que não promove os ataques de longe, algo que seria interessante ver ao penúltimo dia. A última jornada termina em Madrid, como já vem a ser hábito, num circuito citadino que será a 3ª chance para os puros sprinters.
Fazendo uma análise global, obviamente que não é uma surpresa que seja uma Vuelta para trepadores, mas este é um traçado relativamente desequilibrado. É preciso entrar “a matar”, logo de entrada há dias mesmo muito duros e no final essa dureza não é tão proeminente, há ali algumas etapas de média montanha que o mais provável é que não deem em nada.
Só há 1 contra-relógio e mesmo esse esforço individual tem uma subida dura no final e com apenas 3 etapas para os puros sprinters as oportunidades são muito escassas. É verdade que todos gostamos de ver montanha, mas falta alguma variedade, especialmente etapas de montanha longas.